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Neste blog você encontrará material resumido sobre a história do cristianismo. Há muita informação.
Mas nosso maior desejo é que este material lhe traga sede por um conhecimento aprofundado da Palavra de Deus, pois ela é poderosa para nos salvar e transformar.
Utilize o índice abaixo para fazer pesquisas por século.
Também te sugiro outros textos de reflexão e analise de temas de nosso dia-a-dia que estão listado logo abaixo.

Professor Dionísio Hatzenberger
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Cristianismo nos séculos XIII e XIV


SÉCULO XIII

A OSTENTAÇÃO E RIQUEZA DO CLERO
Cito Anglin:
“Não há dúvida de que a Europa era, no século treze, go¬vernada pelos padres, que tinham a seu favor a riqueza e a sabedoria. Os mosteiros tinham-se tornado em palácios, onde os abades podiam dar as suas festas suntuosas, e sus¬tentar os seus amores criminosos, protegidos pelo forte braço de Roma. Os bispos eram príncipes que em muitos casos eram donos das terras para as quais tinham sido no¬meados governadores espirituais. Os frades tinham suas belas moradas nos subúrbios de todas as cidades impor¬tantes, e passeavam diariamente pelas ruas, com os seus hábitos negros, para receberem as saudações do povo. As cabanas dos pobres e os castelos dos ricos tinham as portas sempre abertas àquelas visitas, e, ou com vontade ou sem ela, tinham forçosamente de recebê-Ios. Ainda vagueavam tristemente pelo meio dos túmulos e nas montanhas al¬guns ermitões e outros reclusos que com as suas severida¬des ascéticas fortaleciam muito o poder do papa. Muitos verdadeiros cristãos, desgostosos com a conduta desregra¬da dos padres, teriam sem dúvida abandonado o aprisco se não fossem esses ermitões que, com a sua suposta santida¬de, enchiam de medo os supersticiosos e anulavam as obje¬ções dos descontentes.”

1200 – 1204 – IV CRUZADA:
Esta cruzada foi ordenada pelo papa Inocêncio III, porém logo ela acaba figindo de seu controle. A intenção inicial era enfraquecer o poder sarraceno ao invadir o Egito.
Rapidamente os cruzados estavam fora de controle e os interesses espirituais foram substituídos pelos comercias. Para poderem viajar eles fizeram diversas dívidas, e, pressionados a paga-las, no caminho decidiram saquear a cidade de Zara, que era de população cristã. Por este motivo foram todos excomungados.
Mas o príncipe bizantino Aleixo, que acabara de sofrer um golpe, lhes fez a proposta de lhes pagar uma boa quantia caso o auxiliassem a tomar o poder. Eles fizeram isso, porém Aleixo não cumpriu sua palavra e ainda acabou sendo destronado. Enfurecidos, os cruzados saquearam Constantinopla, matando a muitos.
Após isso retornaram para a Itália e ainda saquearam Veneza.

SEITAS ALBINGENSES (OU CÁTAROS)
O surgimento deste movimento se deu na cidade de Albi, localizada no sul da França. Esta cidade, era rica e voltada para a monufatura, tornou-se o centro deste grupo religioso. Algumas doutrinas principais separavam os albingenses da teologia católica, dominante na época:
- Dualismo: Acreditavam que o mundo físico fora criado pelo deus do mal, e que o mundo espiritual pelo deus do bem. Assim, a alma que é espiritual, mas que estava aprisionada no corpo físico, material, precisava libertar-se;
- Busca radical pela purificação, mediante negação a todo e qualquer desejo carnal: incluindo a relação sexual e a alimentação;
- Negação dos sacramentos romanos;
- Negação das riquezas;
- Negação da hierarquia eclesiástica;
- Aplicavam o ‘consolamentum’, um sacramento a ser realizado nos momentos anteriores a morte ou posterior a ela, que seria a última purificação da alma, necessária, segundo eles, para a salvação.

1209 – PERSEGUIÇÃO AO INFIÉIS À IGREJA ROMANA
O Papa Inocêncio III da ordens para que todos os príncipes da França meridional, dos vales de Piemonte, fizessem uma verdadeira cassa aos “hereges”. Nestas regiões, além de albingenses, haviam também muitos seguidores de Pedro Waldo e outros reformadores.
Em 1209, 300 mil soldados recrutados pela Igreja Romana, sob a liderança de Domingos e do papa Alarico chegaram à cidade de Betiers. Esta foi a primeira a ser atacada. Mataram a todos que vinham pela frente, tanto católicos como hereges, mulheres, crianças, idosos e homens, todos. Foram de 20 a 100 mil mortos naquele dia.
Após este empreendimento, compreendido pela Igreja como uma ‘santa cruzada contra os hereges’, continuaram a realizar-se atos como estes, ano após ano. Tanto que a Igreja Romana organizava constantemente exércitos, formados por pessoas ludibriadas pela promessa de imediata ‘redenção’ de suas almas.

1210 – FRANCISCO DE ASSIS TEM A AUTORIZAÇÃO DO PAPA INOCÊNCIO III PARA PÔR EM FUNCIONAMENTO DA “ORDEM DOS FRADES MENORES”.
Esta atitude de Inocêncio III, foi para alguns, até mesmo vista como algo estranho. Porém fazia parte das táticas papais para conter o crescimento dos grupos tidos como hereges. Isto, porque, muitas pessoas diante da triste realidade de uma igreja hierarquizada, e de um mundo contaminado pela ganância e pecaminosidade, buscavam alguma alternativa, geralmente na vida eremita. A ordem mendicante, de regras firmes e ensinamento simples, trazida por Francisco era uma boa ferramenta, aos olhos do papa para manter estas pessoas dentro da Igreja Romana. Boa ferramenta didática para trabalharmos este tema é o filme “Irmão Sol, Irmã Lua”.
Cito texto de Assis, em Elwell (1):
“O fundador universalmente admirado da Ordem dos Frades Menores (franciscanos). Nascido com o nome de Francesco Bernardone, filho de um abastado mercador de tecidos em Assis, era um jovem popular, muito animado, grandemente inspirado pelos ideais cavalheirescos dos trovadores e cavaleiros. Pouco depois dos vinte anos, experimentou uma conversão gradual, porém profunda, expressa em vários gestos dramáticos, tais como a troca de roupas com um mendigo e o beijo na mão infeccionada de um leproso. Depois de ter vendido mercadorias da família, a fim de reconstruir uma igreja local, seu pai, enfurecido, enojado pelos instintos não mundanos do filho, levou-o para ser julgado diante do tribunal do bispo. Ali, Francisco não hesitou em renunciar a sua herança e, num ato memorável, despojou-se ainda das suas roupas, dando a entender sua total entrega a Deus.
Francisco passou os anos imediatamente seguintes vivendo como eremita, perto de Assis, ministrando aos necessitados, consertando igrejas e atraindo um pequeno grupo de seguidores de suas regras simples. A aprovação que o papa Inocêncio III deu a nova ordem, em 1210, foi uma importante vitória; em vez de serem rejeitados como outro movimento herege ameaçador, os "frades menores" foram bem recebidos como uma poderosa corrente de reforma dentro da igreja estabelecida.
Depois de uma missão de pregação no Oriente islâmico (incluindo uma audiência notável com o sultão no Egito), Francisco voltou a sua base em 1219, para enfrentar uma crise. O movimento agora contava com cerca de cinco mil adeptos, e aumentavam as press6es no sentido de se estabelecer uma organização mais formal. Aflito por este desvio da espontaneidade e simplicidade, Francisco separou-se cad a vez mais para viver na pratica a sua missão, mediante o exemplo pessoal. A meditação intensa sobre os sofrimentos de Cristo levou-o a famosa experiência dos estigmas - sinais das feridas de seu Mestre em sua própria carne. E embora ele fosse mais um pregador do que um escritor. em 1223 completou uma segunda regra (adaptada como a regra oficial da ordem), e, por volta de 1224, sua peça mais famosa, "Cântico do Sol", um peça de louvor a Deus e a Sua criação. Doente e quase cego, finalmente foi trazido de volta a Assis de seu remoto eremitério e morreu no dia 3 de outubro de 1226. Foi canonizado em 1228 por seu amigo Gregório IX, e seu corpo logo foi removido para a basílica recém-construída que leva o seu nome.
A chave da vida de Francisco foi sua tentativa, sem meios-termos, de imitar o Cristo dos evangelhos através da pobreza, humildade e simplicidade absolutas. Amava a natureza como a boa obra das mãos de Deus e tinha profundo respeito as mulheres (tais como sua amada mãe, e Clara, sua seguidora). Ao mesmo tempo, sua obediência de boa mente ao papado e ao sacerdócio permitia-Ihes acolherem bem este reformador e santo que, em outros aspectos, também era radical. “
O dramático encontro entre o papa Inocêncio e Francisco, é relatado por Gonzáles:
“Inocêncio era o papa mais poderoso que a história tinha conhecido (...) a sua disposição estava as coroas dos reis e os destinos das nações. Diante dele o pobrezinho Assis, que pouco se importava com as intrigas as época, e cuja única razão para conhecer o imperador era que promulgasse uma lei proibindo a caça de “minhas irmãs, as avezinhas”. Um altivo; o outro esfarrapado. (...) Conta-se que o pontífice recebeu o pobrezinho com impaciência.
- Vestido como estás, mais pareces porco que ser humano – lhe disse. – Vai viver com seus irmãos.
Francisco se inclinou e saiu em busca de uma pocilga. Ali passou algum tempo entre os porcos, revirando-se no lodo. Depois regressou para onde estava o papa, e com toda humildade se inclinou novamente e lhe disse:
- Senhor, fiz o que mandaste. Agora te rogo que faças o que eu te peço.
Se se tratasse de outro papa, a entrevista teria terminado ali mesmo. Mas a parte do gênio de Inocêncio consistia exatamente em saber medir o valor das pessoas, e unir os elementos mais opostos em sua direção. Naquele momento o franciscano nascente estava na balança, como uma geração antes estivera o movimento dos valdenses. Mas Inocêncio foi mais sábio que seu antecessor, e a partir de então a igreja contou com um dos seu mais poderosos instrumentos.”

1212 – CRUZADA DAS CRIANÇAS:
Esta cruzada foi organizada por dois bispos, Estevão e Nicolau, que tinham a intenção de conquistar a Terra Santa através da entrada dos “puros de coração”. Participaram desta empreitada crianças de até 12 anos de idade, em sua maioria órfãos, que foram marchando, sem armas, segurando flautas e cantando em direção a Jerusalém.
As crianças, que estavam vestidas de branco, e muitas delas fantasiadas de anjos foram mortas pela espada ou afogadas no mar ou vendidas como escravas.

1215 – IV CONCÍLIO DE LATRÃO (OU LATERANO) AUMENTA AUTORIDADE DO PAPA, INSTITUI A INQUISIÇÃO E A TRANSUBSTANCIAÇÃO.
• O papa Inocêncio III, que teve seu papado de 1198 a 1216, tendo neste concílio um aumento substancial do seu poderio.
Conforme Anglin:
“O pontificado de Inocêncio adquiriu maior importância por ser ele quem estabeleceu por decreto o dogma fatal da transubstanciação, decidindo, assim, uma questão que, havia tanto tempo, se agitava no espírito de muitos. No quarto concílio Laterano (1215) foi afirmado canonica¬mente 'que, depois de o padre pronunciar as palavras de consagração os elementos sacramentais do pão e do vinho ficam convertidos na substância do corpo e do sangue de Cristo. Assim, foram decretadas honras divinas aos ele¬mentos consagrados, que se tornaram objeto de culto e adoração. Foram feitos cofres ricos, lindamente cinzela¬dos, para os receberem e, desse modo, segundo esta doutri¬na falsa, o Deus vivo era encerrado um cofre, e podia ser transportado de um para outro lado” p.159
Muitas coisas foram discutidas neste concílio, entre elas:
• Papa Inocêncio III deixou clara sua intenção de obter maior controle sobre a Igreja e o Estado;
• Este concílio deu ao papa o título de “Vigário de Cristo”, ou seja, o mediador entre Deus e os homens, abaixo de Deus, porém acima dos homens;
• Obrigatoriedade de todo cristão realizar, pelo menos uma vez ao ano, uma confissão a algum sacerdote e tomar parte da comunhão;
• A doutrina da transubstanciação tornou-se oficial, ou seja, dava-se maior ênfase à comunhão para receber a salvação, pois ali, acreditavam, estavam verdadeiramente o corpo e o sangue de Cristo;
• Foi decretado que toda a catedral devesse ter um professor de teologia, pois era terrível a ignorância de muitos sacerdotes;
• Foi decidido que, oficialmente, todo tipo de crítica à Igreja passava a ser um risco real à salvação da alma do indivíduo.
• Foi dada a autorização ao Estado para perseguir os hereges e a confiscar suas propriedade. Além disso, aquelas autoridades seculares que colaborassem iriam receber perdão completo de todos os seus pecados. Aqueles, porém, que se negassem a auxiliar a Igreja na perseguição iria ser excomungada.
• Ficou proibida a ordenação de bispos ou sacerdotes por parte dos governantes seculares. Só o Papa poderia tirar ou pôr bispos.
• Concílio obrigou os judeus a utilizarem uma identificação especial. Ficavam os cristão proibidos de fazer negócios com eles.
• Fez os preparativos para a quinta cruzada.
• Confirmou Frederico II como imperador.

1229 – RECONHECIMENTO PÚBLICO DA INQUISIÇÃO:
Até esta data os processos de captura e extermínio dos “hereges” fora mantido em determinado sigilo pela Igreja Romana. Neste ano, porém, ela reconhece publicamente a “utilidade” da mesma. Foram instituídos, oficialmente, muitos tribunais da inuisição.

1219 – 1221 – V CRUZADA:
Esta cruzada que foi incentivada por Honório III, assim como a IV Cruzada, tinha a intenção de diminuir o poder sarraceno (árabe) através de uma invasão ao Egito.
De fato conseguiram invadir uma cidade egípcia, Damieta, porém conseguiram se manter por pouco tempo com o poder.

1229 – VI CRUZADA:
Foi incentivada por Frederico II. Sua intenção era de libertar a Terra Santa (Jerusalém). Os Cruzados, porém, fizeram um tratado com o sultão, passando o poder da cidade para Frederico II, e, por este motivo Frederico foi excomungado.
O resultado, porém, desta Cruzada foi uma trégua de 10 anos entre cristãos e muçulmanos.

1245 – CONCÍLIO DE LYON I:
Este concílio foi chamado pelo papa Inocêncio IV. Nele foi deposto o imperador Frederico II e lamentada a perda de Jerusalém para os sarracenos (árabes).

1248 – 1250 – VII CRUZADA:
Este empreendimento foi organizado e liderado por Luiz IV, da França, que depois foi chamado de São Luiz. A Cruzada teve como objetivo libertar Jerusalém através da invasão do Egito.
Os soldados, já no Egito, foram isolados pela cheia do rio Nilo, e por fim dizimados pela Tifo. Luiz caiu como prisioneiro dos islâmicos e só conseguiu se libertar após altíssima indenização.

1270 – VIII CRUZADA:
Novamente organizada por Luiz IV, as tropas partiram para a cidade de Tunis, na África. Lá Luiz é atacado por uma peste e morreu. A Cruzada foi suspensa.

1274 – MORRE TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
Aos 23 anos de idade Tomás já era professor de teologia em Colônia, numa escola que fundara junto com seu orientador Alberto Magno. Aos 27 anos se tornou professor da Universidade de Paris. Dos 34 aos 43 anos ensinou nas Curiae Papais, na Itália. Dos 43 aos 47 anos voltou à Universidade de Paris. Depois disso, dos 47 aos 49 anos ensinou em uma cada Dominicana, quando faleceu a caminho do concílio de Lyon.
Ele foi canonizado pela Igreja em 1326. No ano de 1567 foi considerado Doutor da Igreja, em 1879 seus textos foram recomendados para leitura pelo papa Leão XIII. Por fim, em 1860 o declararam patrono das escolas católicas.
Durante sua vida Aquino dedicou-se muito ao estudo e a escrever, totalizando entre 89 e 98 obras completas. Sua obra mais importante é “Summa Theologica”, que trata-se de um tratado sistemático da doutrina cristã em termos filosóficos.
Quanto aos legados de Aquino, cito Norman L. Geisler (in: Elwell):
“As opinões de Aquino abrangem a maioria das categorias filosóficas e teológicas.
A fé e a Razão. Como Agostinho, Aquino acreditava que a fé era baseada na revelação de Deus nas Escrituras. O apoio para a fé acha-se nos milagres e nos argumentos prováveis. Embora a existência de Deus possa ser comprovada pela razão, o pecado obscurece a capacidade de 0 homem saber, de modo que a fe (e nao as provas) de que Deus existe e necessária para a maioria das pessoas. A razão, porem, nunca e a base da fé em Deus. Exigir razões para a fé em Deus realmente diminui o mérito da nossa fé. (...) porem, não devem deixar de raciocinar a respeito da sua fé e a favor dela. Ha cinco maneiras de demonstrar a existência de Deus pela razão.(...) Ha, no entanto, mistérios (a Trindade, a encarnação) que não podem ser conhecidos pela razão humana, mas somente pela fé.
Epistemologia. Aquino sustentava que todo o conhecimento começa na experiência. Temos, porem, uma capacidade para o conhecimento que é inata e apriorística. (...)
Metafísica. Assim como Aristóteles, Aquino acreditava que a função do sábio era conhecer a ordem. A ordem que a razão produz nos seus próprios atos e a lógica. Aquela que ela produz mediante os atos da vontade e a ética. A ordem que a razão produz nas coisas externas e a arte. Mas a ordem que a razão contempla (mas não produz) é a natureza. Mas a natureza estudada no âmbito do ser e a metafísica.
O centro da metafísica de Aquino é a distinção real entre a essência e a existência em todos os seres finitos. Aristóteles tinha distinguido entre a realidade e a potencialidade, mas aplicava essa distinção somente a forma e a matéria, e não a ordem da existência. Aquino argumentou que somente Deus é ser puro, realidade pura, sem nenhuma potencialidade.
Deus. Somente Deus é existência (a qualidade de "Eu sou"). Todo 0 mais têm existência. A essência de Deus é idêntica a Sua existência, existir é da essência dEle.
Deus e um ser necessário. Ele não pode não existir. Nem é possível que Deus Se altere, visto que Ele não tem potencialidade para ser outra coisa senão aquilo que é. Semelhantemente, Deus é eterno, visto que o tempo subentende uma mudança de antes para depois. Mas sendo o EU-SOU, Deus não tem "antes" ou "depois". Deus também é simples (indivislvel), visto que não tem potencial para a divisão.”
Vejamos um pequena mostra da apologética filosófico-cristã de Aquino. Trago abaixo um resumo dos 5 argumentos racionais que ele usou para provar a existência de Deus.
1) Sobre o Movimento: O movimento não ocorre por si só, é necessário que algo o motive. Se formos olhar toda a cadeia de acontecimentos, deve ter havido um movimento inicial, pois a cadeia deve ter um início. As coisas inanimadas não podem em si mesmas ter início algum, Assim: A grande causa motriz, imóvel, é Deus.
2) Sobre a Causalidade: Alguns acontecimentos são caudados por outros anteriores. Estes anteriores, por sua vez, por outros ainda mais anteriores. E assim até o início da Cadeia. Esta cadeia deve ter um início, não pode ser infinita. Assim: a primeira causa, não causada, é Deus.
3) Sobre a Possibilidade: Algumas coisas são transitórias, pois possuem sua existência derivada de outras. Sua existência é possível, mas não necessária. Também numa cadeia, tudo deriva de algo, e isto não pode ser infinito em derivação. Assim: O ser imprescindível, auto-existente é o que chamamos de Deus.
4) Sobre a Perfeição: Podemos julgar algo como sendo mais ou menos perfeito. Não podemos achar aos nossos olhos algo completamente perfeito, mas algo nos que há um padrão de perfeição. Assim: O padrão absoluto é Deus.
5) Sobre o Projeto: Elementos inanimados cooperam entre si para um fim bem ajustado. Isso não pode ocorrer por acaso, mas exige um projetista inteligente: esse projetista é Deus.

1274 – MORRE BOAVENTURA (1221-1274)
João de Fidanta, que posteriormente se chamou Boaventura, nasceu na cidade de Bagnorea, próximo de Viterbo, na Toscana, Itália. Ainda quando era bebê teve uma grave doença, sua mãe prometera à São Francisco, recém canonizado, que se o menino sarasse iria para um mosteiro franciscano. O menino sobreviveu, e, quando sua mãe percebeu sua cura exclamou “Oh! Boa Ventura!”. Por causa disto, assim foi chamado o menino.
Com treze anos ele já estudava teologia. Dos 27 aos 34 ensinou na universidade de Paris. Aos 36 já lecionava teologia. Porém, na mesma época foi chamado para ser um ministro geral da ordem franciscana, cargo que ocupou com grande distinção até ser chamado para ser cardeal. Em 1274, logo após ser ordenado cardeal, foi chamado a comparecer ao concílio de Lyon, onde acabou morrendo inesperadamente.
Boaventura é chamado de segundo fundador da ordem franciscana. É considerado “Doutor da Igreja” ou “Doutor Seráfico”. Foi canonizado em 1482.
Quanto à teologia de Boaventura, cito Gonzalez:
“A teologia do Doutor Seráfico é tipicamente franciscana, e por isto é sobretudo ma teologia prática. Isto não quer dizer que seja uma teologia utilitarista, que só se interessa pelo que tem aplicação imediata, mas que em seu propósito principal é levar a bem-aventurança, à comunhão com Deus. (...) Para eles (mestres franciscanos) o propósito da vida humana era a comunhão com Deus, e a teologia nada era senão um instrumento para chegar a este fim.
(...) Boaventura era agostiniano. (...) Isto podemos ver particularmente na maneira com que o Doutor Seráfico entende o conhecimento humano. Este não pode ser obtido mediante os sentidos ou a experiência, mas somente através da iluminação direta pelo Verbo divino, em que estão as idéias exemplares de todas as coisas.
(...) Como Anselmo tinha dito muito tempo antes, Boaventura estava convicto que para compreender era necessário crer e não vice-versa. Assim, por exemplo, a doutrina da criação nos diz como devemos entender o mundo, e guia nossa razão nesta compreensão. Precisamente por não conhecer esta doutrina é que Aristóteles afirmou que o mundo era eterno. Dito de outra maneira, Cristo é o Verbo, é o único mestre, em quem se encontra toda a sabedoria. “

1274 – CONCÍLIO DE LYON II:
Foi convocado pelo papa Gregório X. Nele foi reafirmada a cláusula “filioque”, proibida a criação de novas ordens monásticas e novamente tentado dar início a um processo de reunificação entre a igreja ocidental e a oriental.

UNIVERSIDADE: Uma bela novidade do Século XIII:
Uma das grandes características que marcaram o século XIII foi o fato de os centros de conhecimento da época serem transferidos dos antigos mosteiros, fortíssimos em ensino no período da alta-idade-média, para as escolas superiores presentes nas grandes cidades.
Aliás, o fortalecimento dos centros urbanos é uma grande marca do período, que trás em si as características de tudo que irá servir para pôr fim à idade média.
No trecho abaixo Gonzalez explica bem a função e o funcionamento das universidades neste século:
“Ao falarmos de universidades, entretanto, devemos esclarecer que no princípio não se tratava de instituições como as que hoje em dia recebem este nome. Naquela época os artesãos dedicados a certas ocupações se organizavam em corporações cujo prop6sito era tanto defender os direitos dos seus membros como garantir que a qualidade do seu trabalho fosse uniforme. Assim, por exemplo, se em uma cidade era iniciada a constru¬ção de uma grande catedral, e vinham pedreiros de diversas regiões, a corporação garantia que cada um recebesse respon¬sabilidades e salários de acordo com sua habilidade e experiên¬cia. Da mesma forma, as universidades em seu inicio não eram instituições de ensino superior, mas corporações de professores e alunos, cuja função era tanto defender os interesses comuns a todos eles como garantir o grau de preparo que cada um alcançava. Por isto uma das características principais destas universidades era que seus mestres gozavam do jus ubique docendi: 0 direito de ensinar em qualquer lugar.
As universidades mais antigas remontam a fins do século XII, quando as escolas de cidades como Paris, Oxford e Salerno chegaram a um ponto culminante. Mas foi o século XIII que viu o crescimento pleno das universidades. Se bem que em todas elas eram estocados os conhecimentos básicos da época, logo algumas ficavam famosas em alguma área particular de estudo. Quem queria estudar medicina fazia todo o possível para ir a Montpelier ou a Salerno, enquanto Ravena, Pavia e Bolonha eram famosas por suas faculdades de direito, e Paris e Oxford por seus estudos de teologia. Na Espanha, a universidade mais famosa foi a de Salamanca, fundada no século XIII por Afonso X, o Sábio.
Os que queriam se dedicar ao estudo da teologia tinham primeiro de ingressar na faculdade de artes, onde passavam diversos anos estudando filosofia e letras. Depois ingressavam na faculdade de teologia, onde começavam como "ouvintes", e progressivamente podiam chegar a ser "bachareis bíblicos", "bachareis sentenciarios", "bachareis formados", "mestres licenciados" e "doutores".”

SÉCULO XIV


1311 – 1312 – CONCÍLIO DE VIENA
Este concílio, que foi chamado pelo Papa Clemente V, dissolveu a ordem dos cavaleiros Templários, que haviam sido criada após a primeira cruzada com a intenção de proteger a cidade Santa. Também tentou, sem sucesso, criar novas Cruzadas e condenou os Beguinos e os Begardos.

1378 – 1417 – GRANDE CISMA DA IGREJA ROMANA
Por muitos anos os franceses haviam dominado o papado, tanto que os papas estavam morando na cidade francesa de Avinhão. Este período foi chamado alegoricamente de “Cativeiro Babilônico da Igreja”, porém o papa Gregório XI decidiu mudar-se para Roma. Porém em 1378 Gregório falece e com isto arma-se todo o cenário para o cisma, pois Urbano VI, que foi escolhido como novo papa acaba alienado os cardeais franceses.
Indignados com esta decisão do papa, os cardeais franceses decidem escolher um outro papa, que ao seu ver seria legítimo. Este comandaria a Igreja de Avinhão, enquanto o outro estava em Roma. O papa de Avinhão chamou-se Clemente VII, que após lutar três anos em Roma contra os apoiadores de Urbano, mudou-se para a cidade francesa. Ambos consideravam-se os únicos líderes da Igreja.
Em 1389 Urbano morre, e Roma escolhe Bonifácio IX como novo papa. E em 1394 Clemente morre e Avinhão escolhe Benedito XIII como novo papa. Após a morte de Bonifácio IX Roma passou pelas mãos de Inocêncio VII (1404-1406) e de Gregório XII.
No ano de 1409 ocorreu um concílio em Pisa, onde a Igreja elegeu Alexandre V como novo papa, depondo tanto Benedito XIII como Gregório XII, porém ambos, apoiados por um grupo de cardeais que os apoiavam, recusaram-se a abandonar o “trono de São Pedro”. Assim, a Igreja Católica passou a ter três papas paralelos.
Esta confusão apenas teve seu fim em 1417, quando o concílio de Constança novamente depôs o papa de Roma e o de Avinhão, bem como o outro, elegendo no lugar dos três um novo: Martinho V.

1321 – MORRE DANTE ALIGHERI, ESCRITOR DA OBRA “DIVINA COMÉDIA”
Dante nasceu na cidade de Florença em 1255 e morreu em Ravena em 1321. Além de desenhar e cantar, foi um grande poeta. Quando foi jovem participou de algumas batalhas entre grupos locais inimigos, como resultado foi desterrado de Florença, cidade na qual nunca mais pisou.
Em sua obra “Comédia”, que a posteriore chamaram de “Divina Comédia”, todo o material humano e imaginário da juventude de Dante foi eternizado. A obra tronou-se um clássico da literatura italiana e mundial, tanto por sua poesia, quanto por seu significado. Pois nela, Dante consegue expressar perfeitamente o embaraçado e confuso imaginário religioso popular da Europa no final da Idade Média.
Sobre esta obra, Cito Curtis:
“A obra A divina Comédia, de Dante Alighieri, é um longo poema alegóri¬co dividido em três partes: 0 "Infér¬no" acompanha Dante em sua jorna¬da através de nove círculos concêntri¬cos no abismo do inferno, na qual ele é guiado pelo poeta romano Virgélio; o "Purgatório" descreve a jornada de¬les por uma montanha de nove cama¬das na qual as almas salvas trabalham com o objetivo de limpar seus peca¬dos antes de poderem entrar no para¬iso. A parte final, o "Paraíso” trata de sua jornada com Beatriz - a mu¬Iher que idolatrou por toda vida - e Bernardo de Claraval através dos nove círculos concêntricos do céu, onde ele encontra os santos de Deus.
Em termos teológicos, o poema é perfeitamente ortodoxo, embora Dante retrate o papa como alguém que tem poder sobre o inferno. Essa obra tam¬bem reflete claramente as crenças de sua época. Aqui, de maneira concreta, podemos ver uma amostra das crenças medievais. “

1330 –1384 – JOÃO WICLIFFE: A ESTRELA D’ALVA DA REFORMA
João nasceu no condado de Yorkshire, Grã Bretanha. Em 1372 tornou-se doutor em Teologia por Oxford. Em 1375 escreveu “On Divine Dominion” e em 1376 “On civil dominion”, nestas obras Wifliffe declarava que todos somos “inquilinos” de Deus, e que todo o poder e domínio pertencia a Ele, que por hora o cedia a alguns homens, hora justos, hora injustos. Porém afirmava que aos injustos não deveria pertencer o poder, seja civil, seja eclesiástico.
Em seus ensinos dizia que os clérigos que estivessem em pecado deveriam perder seus direitos e propriedades. Estas afirmações irritavam Roma, que expediu várias bulas papais em 1377 ordenando o silenciar destes ensinamentos. Como resposta, Wicliffe aprofundou suas críticas à organização e aos ensinos da Igreja Romana. Abaixo os principais ensinamentos de João:
• Rejeição aos dogmas centrais da catolicismo que não estivessem explícitos na Bíblia, pois para ele, ela deveria ser a base de todo ensinamento;
• Condenou a idéia da transubstanciação;
• Negou o poder sacramental do sacerdócio, afirmando que cada homem possui direitos e deve ter relações diretas com Deus;
• Negou a eficácia da missa, afirmando que a estrutura sacramental da igreja impedia a verdadeira adoração;
• Negou a Confissão auricular e a Veneração de Imagens;
• Negou o purgatório e o celibato clerical;
• Iniciou, ainda em vida, uma tradução da Bíblia para o inglês, que foi concluída por seus discípulos após a morte;
Em 1381 ocorreu na Inglaterra uma revolta dos camponeses. A Igreja Romana, afim de achar erro em João, acusou-o de contribuir para a revolta. Em 1382 foi morar em sua paróquia, em Lutter Worth, onde morreu em 1384.
Os seguidores de Wicliffe foram chamados Lollardos. Por levar esta mensagem foram perseguidos e praticamente todos exterminados até o século XV. Porém, influenciaram João Huss, e através dos Hussitas sua mensagem prevaleceu. Por Isso Wicliffe é considerado o precursor da Reforma.

1372 – 1415 – JOÃO HUSS O PRECURSOR DA REFORMA
Nascido na Boêmia, em Husinec, em 1398 fez voto de sacerdócio e passou a lecionar na Universidade de Praga. Sofreu influência de Wicliffe, pois suas idéias chegavam a esta região, também conheceu outros reformadores Tchecos da época, como Matheus de Janov.
Passou a pregar na capela de Belém, em Praga, em 1402. Em 1407 identificou-se e comprometeu-se com as idéias reformadoras, passando a prega-las. Entre as idéias que ele pregava estavam:
• Contra a imoralidade e a luxúria no Clero;
• Contra a veneração do papa;
• Por uma fé fortemente cristocêntrica, valorizando a responsabilidade direta do homem diante de Deus;
• Apenas Cristo poderia perdoar pecados e que um dia Deus julgará o mundo todo;
• A importância do pão e do vinho na ceia;
• A importância da palavra de Deus para a transformação do homem;
• Incentivou a tradução da Bíblia para as línguas populares;
Em 1412 teve que deixar a cidade, devido à perseguição, mudando-se para a Boêmia. Em 1414 Huss foi convidado para o concílio de Constança, com uma promessa de “salvo-conduto”, Porém, lá ele foi preso e julgado por heresia. Quando questionado sobre a veracidade das acusações, disse que apenas se retrataria se provassem nas escrituras os seus erros (assim como Lutero faria posteriormente). Huss, porém, foi condenado e queimado à estaca em 6 de julho de 1415.
Cito Elwell:
“Como teólogo, Huss ajudou a restaurar uma visão bíblica da igreja, uma visão que se concentrava nos ensinos de Cristo e no Seu exemplo de pureza. Alem disso, sua ênfase na pregação e no sacerdócio universal dos crentes vieram a ser marcas distintivas da Reforma protestante posterior. Incentivou, também,o cântico de hinos congregacionais, sendo que ele mesmo escreveu muitos deles. Para os tchecos, Huss não foi apenas um líder espiritual como também um ponto central de inspiração nacional nos séculos posteriores a sua morte.”
Os seus discípulos foram chamados Hussitas, depois conhecidos como “Unitas Fratruim”, ou Irmãos Boêmios. A Igreja Romana empreendeu 5 cruzadas contra eles. Em 1431-1449 o Concílio de Basiléia firmou acordo com os Hussitas.

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