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Neste blog você encontrará material resumido sobre a história do cristianismo. Há muita informação.
Mas nosso maior desejo é que este material lhe traga sede por um conhecimento aprofundado da Palavra de Deus, pois ela é poderosa para nos salvar e transformar.
Utilize o índice abaixo para fazer pesquisas por século.
Também te sugiro outros textos de reflexão e analise de temas de nosso dia-a-dia que estão listado logo abaixo.

Professor Dionísio Hatzenberger
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BIBLIOGRAFIAS

ANGLIN. W.; KNIGHT A. História do Cristianismo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. 351p

BARBOSA, Paulo André. Teologia Apologética. Porto Alegre: Instituto Bíblico Esperança, 2007. 184p

CURTIS, A. Kenneth; LANG, J Stephen; PETERSEN, Randy. Os 100 Acontecimentos Mais Importantes da História do Cristianismo. São Paulo: Vida, 2003. 239p

DREHER, Martin N. A Igreja no mundo Medieval - Coleção História da Igreja. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1994. 125p

ELWELL, Walter A. (org). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. São Paulo: SREVN, 1993. (I, II e III Volume)

FILHO, Tácito da Gama Leite. Seitas do nosso Tempo: Seitas Proféticas. Rio de Janeiro: JUERP, 1989. 155p

GONZALES, Justo L. A era dos altos ideais - Uma história ilustrada do Cristianismo vol4. São Paulo: Nova Vida, 2003. 185p

SAUSSURE, A de. Lutero: o grande reformador que revolucionou o seu tempo e mudou a história da Igreja. São Paulo: Editora Vida, 2004. 168p

KNIGHT, A. E.; ANGLIN W. História do Cristianismo. Rio de Janeiro: CPAD, 1983. 351p

KUCHENBECKER, Valter. O Homem e o Sagrado. Canoas: Editora da ULBRA, 2004. 371p

WALTON, Robert C. História da Igreja em Quadros. São Paulo: Vida, 2000.

__________________. Teologia Apologética. Porto Alegre: IBE, 2007.

__________________. Religião e Cristianismo - Manual de Cultura Religiosa. Porto Alegre: ITCR-PUCRS, 1977.

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XXI

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XX

O Século XX é marcado por concuminar a experimentação de muitas coisas que foram inventadas, desenvolvidas ou teorizadas nos últimos séculos por muitos filósofos, cientistas e políticos. O resultado, porém não foi sempre o melhor. Só para recordarmos o século XX de uma forma geral eu poderia citar alguns termos que nos trazem memórias: Industrialização, Neocolonialismo, Aviação, Automóvel, Primeira Guerra Mundial, EUA, Crise de 1929, Comunismo, Facismo, Nazismo, Segunda Guerra Mundial, Bomba Atômica, URSS, Guerra Fria, Ditadura, Hippies, Punkes, Anti-consepcional, Sexo, Vietnã, China, Coréias, Cuba, Queda do muro de Berlim, Aquecimento Global, Neoliberalismo, etc...
Este foi o século em que houve o auge do pensamento modernista no mundo todo. As pessoas foram levadas a crer cegamente na ciência, na política, no nacionalismo, etc. Parecia que o mundo estava em um avanço rumo a um futuro de paz e justiça, onde a ciência explicaria tudo e que o homem se livraria de Deus.
As muitas guerras, o efeito colateral do mal uso da industrialização, a falência do comunismo, a corrupção generalizada na política, e a ineficiência da ciência para responder a questionamentos profundos da humanidade, somado ao vazio existente em uma sociedade altamente consumista levou o mundo a uma gradual derrocada do modernismo, que abre as portas para o pós-modernismo. Onde o mundo passa a ser visto sob uma confusão de óticas antagônicas e onde o relativismo impera. Onde há uma perceptível falta de rumo para a humanidade.
Para estudar a História do Cristianismo no século XX é necessário percebermos que a Igreja está horas sofrendo influência deste mundo a sua volta e horas resistindo e combatendo o mesmo. Fato é que a Igreja do século XX agirá sobre este pano de fundo.

1906 – INICIO DO PENTECOSTALISMO NO AVIVAMENTO DA RUA AZUSA.
Los Angeles Times, 1906:
“Com gritos estranhos e pronunciando coisas que aparentemente nenhum mortal em seu juízo normal pudesse entender, teve início, em Los Angeles, a mais recente seita religiosa. As reuniões acontecem em um prédio decadente da rua Azusa, e os devotos de doutrinas estranhas praticam os ritos mais fanáticos, pregas as mais extravagantes teorias e se colocam em um estado de louca euforia quando se entregam ao fervor pessoal”
- William J. Seymour (fundador) – pregador batista negro, havia sido aluno de Parham, fundador de muitas escolas bíblicas que pregava o avivamento e o dom de línguas.
- Antes deste movimento Finney, Moody e o movimento Holiness haviam dado início a um avivamento, William, porém, dava mais um passo, incentivando o batismo pelo Espírito Santo.
- O Movimento, inicialmente assumiu o nome “Missão Evangélica da Fé Apostólica”.
- Outros líderes possuíam ministérios de avivamento espalhados pelos EUA. No sul muitos de uniram e passaram a se auto denominar “Fé Apostólica”, o movimento cresceu muito e logo passou a se chamar “ Igreja de Deus em Cristo”, que já tinha ao todo 352 ministros. Em 1914 passou a se chamar “Assembléia de Deus”.

1910 – LANÇADA OBRA “OS FUNDAMENTOS”
- Obra organizada por a A. C. Dixon, e escrita por muitos líderes e estudiosos de Teologia dos EUA.
- É uma contraposição às inovações que estavam sendo agregadas a Fé Cristã, principalmente quando muitos líderes questionavam a veracidade da bíblia e aderiam ao modernismo, ao evolucionismo, etc.
- Deu origem os movimento Fundamentalista em 1920, que uniu igrejas conservadoras de toda a América.
- Principais pontos das Obras: A Inerrância da Bíblia; O Nascimento virginal de Jesus; a Deidade de Cristo; A morte Vicária de Cristo; A ressurreição física de Cristo; O retorno corpóreo de Cristo;

1921- TRANSMISSÃO DO PRIMEIRO PROGRAMA RADIOFÔNICO CRISTÃO
- A KDKA foi a primeira emissora de rádio dos EUA e carecia de programação. Decidiram assim transmitir um culto de alguma igreja em um domingo pela manhã.
- Isto ocorreu na Igreja Episcopal do Calvário, em Pittsburgh. Quem pregou neste dia dia foi Lewis B. Whittemore.
- O programa foi tão bem quisto que se tornou semanal.
- Outro pregador, Paul Rader chegou a locar uma rádio inteira todos os domingos, por 14 horas e trazer pregações e canções cristãs. A esta programação ele deu o nome Onde Jesus Abençoa Milhares. Depois dele muitos outros pregadores partiram para o rádio, entre eles R.R. Brown.

1945 – BONHOEFFER É EXECUTADO POR HITLER



1949 – GRANDE CRUZADA BILLY GRAHAM EM LOS ANGELES



1960 – RENOVAÇÃO CARISMÁTICA EM IGREJAS TRADICIONAIS


1962 – CONCÍLIO VATICANO II


1963 – MARTIN LUTHER KING LIDERA MARCHA A WASHINGTON


ANOS 60 E 70 – CRESCIMENTO DA IGREJA CHINESA

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XIX

Com certeza a descoberta (ou afirmação) da ciência ocupou o espaço de grandeza ou novidade deste século, ou melhor, de todo este início do período que chamamos de Contemporâneo . Os seres humanos - ou pelo menos aqueles que tinham condições concretas para isto – encantaram-se com seu próprio saber, seu próprio conhecimento acumulado e como este poderia vir a ser metodológico, e grande parte da intelectualidade ocupava-se da construção destes processos e metodologias do saber, difundido como “ciência”. Os “Homens cultos do período não estavam apenas orgulhosos de suas ciências, mas preparados para subordinar todas as outras formas de atividades intelectuais a ela.”
Muitas foram as descobertas e as novas terminologias utilizadas por esta classe de novos intectuais 'científicos' que surgia:
“(...)As palavras- chave da filosofia e ciência em meados do século passado eram “natureza”, “meio ambiente”, “história”, “evolução” e “crescimento”. Marx havia dito que a consciência humana era um produto da base material de uma sociedade. Darwin mostrou que o homem era produto de uma longa duração biológica e o estudo de Freud sobre o inconsciente deixou claro que as ações dos homens freqüentemente são devidas a certos impulsos ou instintos “animais”, próprios de sua natureza(...)”
Devemos nos situar, percebendo que o mundo da fé deste momento já não era mais monopolizado pela Igreja Católica, a Europa já havia passado por quase dois séculos de modificações protestantes. Estava repleto de igrejas nacionais, igrejas protestantes independentes, grupos e instituições de fins missionários protestantes levavam esta nova fé a muito povos que logo deixavam de ser Católicos, Ortodoxos, etc. Porém podemos perceber que os reflexos destas novas teorias (evolucionismo, antropocentrismo, etc) que se difundiram, foram o mais diversos, dependendo da instituição. No caso da Igreja católica:
“(...)A Igreja (Católica) protestou veemente e a ciência na Inglaterra se dividiu. Na verdade isso já era de se esperar, pois Darwin sempre tinha contestado o fato de se atribuir a Deus o ato da criação. Alguns poucos fanáticos, porém, chegaram a afirmar que seria um feito ainda maior criar algo que já trouxesse dentro de si a possibilidade latente de evoluir,em vez de criar para todo o sempre alguma coisa pré estabelecida em todos os seus detalhes(...)”
É bom frisar que quando Jostein Gaarden, na afirmação acima, diz que 'alguns fanáticos', apesar de tudo, defendiam a criação como um ato divino e apresentavam tudo quanto se descobria como mais uma prova da sabedoria divina, precisamos considerar que estes 'fanáticos' não eram tão poucos assim e que naquele período a explicação 'teológica' do mundo estava muito presente no meio da intelectualidade.
“(...)Em muitos círculos de estudiosos na época de Darwin era corrente a suposição de que Deus teria criado a terra havia cerca de seis mil anos. E as pessoas tinham criado esse número contando todas as gerações desde Adão e Eva até o presente(...)”
Fato é que as afirmações de Darwin, foram seguidas de ataques a fé feitos por muitos outros intelectuais da época . Esta nova noção da realidade não teve nem início e nem fim neste período. É um teólogo que afirma:
“(...)Com Kant (1724-1804), inicia-se um novo modo de pensar o homem. Kant o via como cidadão dos dois mundos: o mundo material e o mundo espiritual. Segundo ele o Homem só pode adquirir um conhecimento prático ou moral do mundo, de si mesmo e de Deus; jamais um conhecimento absoluto. A partir dessa forma de pensar, na qual o pensamento metafísico e o da razão pura são questionados. O Homem começa ser visto sob diversas formas e por diferentes pensadores, tais como: Darwin ( 1809-1882), o Homem biológico-evolucionista; Kierkegaard (1813-1855), o Homem existencial ; Marx (1818-1883), o Homem econômico; Freud ( 1856-1939), O Homem instintivos e outros(...)”
A conseqüencia quase que imediata, às afirmações de Darwin e dos mais diversos filósofos, cientistas e ‘sociólogos’ (se é que já podemos chamar Comte de Sociólogo), é o surgimento de um sentimento de desprendimento das estruturas eclesiásticas, de independência. Pois se outrora elas estavam ali, dentro do Estado, sendo mantidas por ele e até monopolizando serviços públicos (casamento, enterros, registro de crianças, etc), em troca de uma esperada ‘reconciliação com a divindade’, ou melhor: em troca das respostas que estas denominações (principalmente Igreja Católica) pudessem oferecer às mais difíceis questões da vida: a origem, a morte, os infortúnios, etc.
Ora, agora diante das novas teorias, já se negava até mesmo a ‘criação’, e diante da dúvida gerada, propunha-se que a resposta à estas questões fosse de foro íntimo, de direito particular e não público. Não mais o Estado deveria endossar o que seria a ‘verdade’, diante das dúvidas apresentas, mas sim daria liberdade ao indivíduo para que esse em seu pleno estado de racionalidade pudesse escolher. Assim surge uma forte campanha de Laicização do Estado, mas que trazia no seu interior uma também forte laicização do pensar e do agir.
“(...)Chamamos de secularização ou laicização do pensamento o cuidado de se desligar das justificativas baseadas na religião, que exige adesão pela crença, para só aceitar as verdades resultantes da investigação racional mediante argumentação(...)”
Essa campanha pela laicização social também foi conhecida como ‘campanha anticlerical’, pelo fato de suas principais propostas serem voltadas para o fim da participação clérica no Estado.
“(...)O anticlericalismo era militantemente laico, na medida que pretendia tomar da religião qualquer status oficial na sociedade (“desestabelecimento da igreja”, separação da igreja do Estado”), deixando-a como uma questão puramente privada. Deveria ser transformada em uma ou diversas organizações puramente voluntárias, análogas aos clubes de colecionadores de selos, somente que em dimensões maiores(...)”
O interessante é que esta campanha não apenas envolveu adeptos do darwinismo ou homens ateus (isso ainda não era tão comum assim), mas também autoridades que queriam ver-se livres dos mandos e desmandos da Igreja.
“(...)Mas isso não se baseava tanto na falsidade da crença em Deus ou qualquer versão particular dessa crença mas na crescente capacidade administrativa, amplitude e ambição do Estado laico – mesmo na sua forma mais laissez-faire e liberal- que estava decidido a expulsar organizações privadas daquilo que então considerava seu campo de ação(...)”
A Igreja, obviamente reagiu, atacando de todas as formas a raiz deste mal: o pensamento científico e a produção de conhecimento. O resultado foi uma Igreja Católica mais fechada ainda.
“(...)Em certo sentido, diante da ameaça da reforma laica, a Igreja reagiu da mesma forma como havia feito no século XVI com a Contra-Reforma. O catolicismo, agora totalmente intransigente, recusando qualquer acomodação com as forças do progresso, industrialização e liberalismo, tornou-se uma força muito mais poderosa depois do Concílio Vaticano de 1870 do que antes(...)”

A fé, porém, foi pouco abalada.
Em sua clássica obra, A Era do Capital, o historiador Hobsbawm nos fornece uma série de argumentos que nos fariam acreditar que, por fim, no século XIX a Religião estava derrotada, porém ele mesmo contraditoriamente afirma que até mesmo entra muitas pessoa cultas a religiosidade e o culto permaneceram. Inclusive alguns estudos afirmam que este foi o período em que as camadas mais pobres tiveram a oportunidade de descobrir uma religiosidade mais legítima: nacional, protestante, de língua nativa, etc. Nas palavras de Hobsbawm:
“(...)Na medida em que as classes médias estavam em questão, o declínio da religião era, como vimos, inibido não apenas pela tradição e fracasso em larga escala do racionalismo liberal em fornecer um substituto emocional coletivo para o ritual e a fé religiosa (exceto talvez através da arte), mas também pela relutância em abordar um pilar de estabilidade, moralidade e ordem social tão valioso, talvez tão indispensável(...)”
O homem, não sabe viver distante da ‘transcendência’ ou sem procurá-la. Gostaria de aqui recordar o caso de Augusto Comte, grande estudioso, proponente de muitos métodos científicos, criador de uma gama de ‘ciências humanas’ e grande filósofo, que em seus últimos anos dedicou-se a estruturar aquilo que deliberadamente chamou de “Religião da Humanidade”. Ela à semelhança das demais religiões possui dogmas, cultos e regimes, templos e capelas; sacramentos,sacerdotes e assim por diante. Todavia, uma particularidade distingue-a radicalmente: ela é uma religião "positiva" ou "científica", no sentido de que não venera um ser superior sobrenatural.
Comte nos pareceria como um caso isolado de desvaneio cenil, se não houvesse sido seguido por muitos na estruturação de tal igreja que possui templos em vários lugares do mundo. É claro que hoje tal estrutura encontram-se em instinção, pelo poder de apelo da concorrência e desvaneio da idéia inicial.
Mas ainda assim quem lê este artigo pode imaginal que Conte possa ter sido o único ater tal alusão, de dentro do ‘laico’, construír algo que imitasse ou recorresse ao religioso. Falo das mas diversas sociedades secretas que surgiram, ou pelo menos alastraram-se na Europa e na América por este período. Estas instituições, por detrás de suas encurtinas ‘lojas’, guardavam em suas fileiras, o qua havia de mais ‘racional’ ou ‘científico’, dentre os intelectuais e políticos.
“(...)A metade do século XIX está plena de rituais laicos inventados, especialmente nos países anglo-saxônicos, onde sindicatos elaboraram faixas alegóricas e certificados.Sociedades de ajuda mútua, cercada por sua vez com parafernália da mitologia e do ritualismo nas suas “lojas”,membros da Klux-Klan, Organgemen e outras ordens políticas menos “ secretas” exibiam suas vestimentas. A mais antiga e sem dúvida a mais influente de todas as sociedades secretas, ritualizadas e hierarquizadas estava de fato comprometida com o pensamento livre e o anticlericalismo pelo menos fora dos países anglo-saxônicos: os francos-maçons(...)”
Se estes poucos dados levantados, podem nos mostrar, ou levar a alguma conclusão, talvés esta seja que o ser humano ainda não está pronto, ou nunca estará, para abandonar o conforto e a segurança que as relações (que atualmente chamam-se de ) míticas proporcionam. A ordem e a justificativa pela fé ainda eram, na Era do Capital, e ainda são, nos dias de hoje, o conforto e a esperança de uma multidão.
O autor Volker Elis Pilgrim, em uma de suas obras, na qual faz uma bibliografia crítica da vida pessoal de Karl Marx, vai mais a fundo e afirma que este grande ícone do pensamento ateu nada mais é do que o resultado de uma esperança mítica de justificação pela ação cientícica, que lhe foi incutida, inculcada, desde a infância pelos pais, que distantes da sua fé de origem, o judaísmo, sentiam esta necessidade.
Pilgrim afirma que os pais de Marx eram advogado, e que por serem judeus estavam proibidos de exercer suas funções dentro do país:
“(...)Ou procurava um outro trabalho e enfrentava um futuro incerto ou saía da comunidade de fé judaica, assegurando para si, dessa maneira a prosperidade já conquistada. Hirschel e Henriette decidiram-se pela segunda alternativa. Hirschel converteu-se primeiramente ao protestantismo. O seu batismo deve ter sido realizado antes do dia 1o de março de 1818.(...)”
O traumático resultado foi:
“(...)Segundo as regras ortodoxas (judaicas) o abandono da religião significa a morte social. “ Um judeu que renega sua fé comete um pecado grave, pois não é apenas culpado no sentido pessoal e sim trai seu povo e seus ancestrais.Ele é tratado pelos membros da sua família e pelos seus companheiros de fé como um falecido. Karl nasce no meio dessa situação de conflito da família.(...)”
Como conseqüência os pais de Marx colocaram suas esperanças em uma espécie de compensação:
“(...)O seu filho nascido nesse momento deveria tomar a si a reparação, deveria justificar a sua decisão a posteriori, tornar-se um bom pai(novo), que concorda com o passo que deram, um “rabino secularizado”(...)”
Ensinado a odiar o cristianismo desde a infância e vítima de grande ódio da comunidade judaica (parentes), desde jovem Marx constrói textos expressando esta raiva e no período da maturidade em suas teses econômicas e sociais, ele afirmará que “A Religião é o Ópio do Povo”.
As conclusões que podemos chegar variam muito, porém quero salientar que nada do que um período vive e de suas idéias expressam pode ser isolado das influências que sofria. Neste caso uma das formas de influência é a negação. A Influência oposta, que ocorre quando alguma ideologia nos traumatiza com sua incoerência ou total desleixo com nossas necessidades. Foi o caso do Catolicismo Medieval, e suas terríveis façanhas, ao qual devemos tudo o que surgirá em contraposição a ele.



Cresce o protestantismo independente.
Partindo do princípio de que as populações não vivem sem experiências e vivências religiosas, e que muitas delas já possuíam uma repulsa pelas instituições eclesiásticas tradicionais, podemos compreender o grande crescimento de igrejas protestantes independes e nacionais, que possuíam culto e bíblias em língua nativa, que falavam a linguagem de seu povo e iam ao seu encontro.
O fato é que apesar de muitos historiadores (tais como Hobsbawm) menosprezarem os ocorridos religiosos deste século, estes foram muito diferentes de tudo do que ocorreu anteriormente na Europa. E, segundo minhas pesquisas em muitas fontes, ao mesmo tempo que a Europa vivia sua “era do capital”, ou sua “primavera dos povos”, mudanças e conquistas sociais, também floresciam muitos grupos e lideranças de um movimento que também veio a transformar a forma de viver destas populações: o protestantismo.
Faço abaixo um breve apanhado dos acontecimentos relativos a este crescimento protestante e aos evangelistas que foram responsáveis por ele nos principais países da Europa.
Na França:
“(...)Napoleão Bonaparte concedeu a liberdade e reconheceu a Igreja protestante, mas ligada ao Estado, e paga pelos fundos nacionais. No século XIX esta Igreja foi dividida, e os mais fieis separaram-se do Estado(...)”
Na Inglaterra:
“(...)No ano de 1859 houve uma revivificação no Norte da Irlanda e no Norte da Escócia, e a Inglaterra sentiu seu efeito. Durante dez anos em seguida houve uma grande onda de evangelização no país, e muitos foram convertidos. Poucos anos depois veio D.L. Moody da América do Norte para suas campanhas de pregações, e com ele Sankey, o cantor evangélico. Visitaram todas as cidades principais dos três reinos, e milhares foram convertidos. Nos maiores salões das cidades não cabia metade do povo que queria assistir às suas pregações(...)”
Nas áreas urbanas inglesas:
“(...)Preocupados com o clamor dos pobres, Willian Booth e sua esposa, Catherine fundaram em 1865 uma missão aos pobres, localizada em um área periférica de Londres, o East End. Aquele começo em uma humilde tende deu início ao Exército de Salvação (...) ao redor do casal de evangelistas estavam lares superlotados, nos quais havia violência familiar, bebedeira prostituição e desemprego. A prosperidade marca da classe média vitoriana, não se estendia a região de East End(...)”
Na Escócia:
“(...)Havia lugares remotos das cidades grande, no Norte da Escócia, onde o povo continuava meio-selvagem. A revivificação de 1859 alcançou estes lugares(...)”
Na Suíça:
“(...)Nos princípio o século XIX houve um avivamento espiritual. Roberto Haldane, um escocês, pregou em Genebra, e diversos estudantes de Teologia receberam uma grande bênção espiritual; como Malan, Teodor Monod, Merle d’Aubigné, que vieram a ser pregadores notáveis, havendo o último escrito a “História da Reforma” obra traduzida em diversas línguas(...)”
Itália:
“(...)(Conde) Guicciardini foi convertido desta maneira, e achando grupos de crentes, que eram pessoas humildes, reuniu-se a eles. No ano de 1851 foi promulgada uma lei, instigada pelos jesuítas, proibindo as reuniões e o Conde foi obrigado a sair de sua pátria, e ir para a Inglaterra, onde gozava de comunhão com os crentes. Ele foi o meio da conversão de um patrício de nome Rosseti. Quando veio a liberdade, no ano de 1871, Guicciardini voltou à Itália, pregou e ensinou até a sua morte(...)”
Na Irlanda:
“(...)João Nelson Darby, (era) um ministro da igreja Irlandesa, cargo que deixou para ministrar a Palavra de Deus em diversos países. Outro pregador independente, no princípio do século XIX, foi Gideão Ousely, que viajava a cavalo e pregava mesmo a cavalo nas aldeias e cidades. Pertencia a uma antiga família irlandesa de boa posição, mas associava-se com os humildes camponeses, conversando sobre o Evangelho de maneira muito simples. Um ministro evangélico independente chamado Thomas Kelly, formou diversas congregações na Irlanda no princípio do mesmo século, e escreveu muitos hinos que estão em uso geral na língua inglesa, e alguns estão traduzidos em português. No Norte, no Ulster protestante, no ano de 1859, houve um revivificação, e nesta ocasião centenas de pessoas foram convertidas entre todas as classes(...)”
Na Rússia:
“(...)Membros da Sociedade dos Amigos (Quakers) visitaram a Rússia e foram bem recebidos pelo Tsar, que sempre mostrou muita amizade a esta denominação (...) O Imperador concedeu todas as facilidades à Sociedade Bíblica Britânica para propagar a Palavra de Deus em seu vasto domínio. A Sociedade, enviou um agente chamado Melville, que didicou 60 anos de sua vida a divulgação das Escrituras na Rússia(...)”
Nos Estados Unidos:
“ (...)Seguindo os passos da tradição avivalista, estabelecida por Charles Finney, Moody trouxe o evangelismo para a era industrial. Pregava um evangelho simples, livre de divisões denominacionais. Isso expandiu sua influência, assim como o apoio que recebia. Moody fez alianças de peso com comerciantes respeitáveis,que foram os líderes da nova geração, e não os pregadores. Ele insistia que os homens colocassem suas riquezas em boas causas, como cuidar dos pobres em áreas urbanas. Moody trouxe técnicas de negócios para o planejamento evangelístico(...)”

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XVI - A REFORMA PROTESTANTE

1517 – INICIA A REFORMA PROTESTANTE
O tema central da Reforma é a convicção de que o ser humano não pode nem tem necessidade de salvar-se por si mesmo. Antes, a salvação é dada em Cristo "unicamente pela graça" e aceita "somente pela fé". A redescoberta desse pensamento, biblicamente fundamentado, originou uma nova compreensão de todos os aspectos da vida cristã: da Igreja, do sacerdócio, dos sacramentos, da espiritualidade, da devoção, da conduta moral (ética), do mundo, incluindo aí a economia, a educação e a política. A ruptura gerada por esta redescoberta é o que chamamos de Reforma. Para entendermos a Reforma devemos conhecer melhor Martinho Lutero.

1483 – 1546 – MARTINHO LUTERO
Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483 na cidade de Eisleben, na Alemanha. Na sua fase estudantil, foi enviado às escolas de latim de Magdeburg (1497) e Eisenach(1498-1501). Ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em artes (1505).
Seu pai fora um aldeão bem sucedido e sonhava em ter um filho advogado. Tendo, assim, iniciado seus estudos de direito, abruptamente, os interrompeu entrando no claustro dos eremitas agostinianos em Erfurt. O fato que o levou a isto é bastante estranho e gera controvérsias. A maioria dos historiadores dizem que isto aconteceu devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma tempestade, quando um companheiro de caminho, ao seu lado, foi atingido por um raio, e ele por um pouco não fora também. Contam que foi derrubado por terra e em seu pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Preocupado com a salvação, o jovem Martinho Lutero decidiu tornar-se monge, a contragosto da família. Porém, foi consagrado padre em 1507.
Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em conflitos internos pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual não forneciam resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações. Durante seus estudos, sempre lhe acompanhava a pergunta: "Como posso conseguir o amor e o perdão de Deus?"
Entre os anos de 1508 e 1512, lecionou filosofia na Universidade de Wurtenberg, onde também ensinava Teologia. Em 1512 formou-se Doutor em Teologia. Fazia também conferências sobre Bíblia, especializando-se em Romanos, Gálatas e Hebreus. Foi durante este período que a teologia do apóstolo Paulo o influenciou, levando-o à percepção claro dos erros que a Igreja Romana cometia, à luz dos documentos fundamentais do cristianismo primitivo: os livros da Bíblia.
Assim, Lutero foi descobrindo ao longo dos seus estudos que para ganhar o perdão de Deus não era necessário castigar-se ou fazer boas obras compensatórias, mas somente ter fé em Deus. Com isso, ele não estava inventando uma doutrina, mas retomando pensamentos bíblicos importantes que estavam à margem da vida da igreja já a muito tempo e que naquele momento gerava aberrações teológicas, tais como as indulgências.
Seus estudos paulinos, porém, deixaram-no mais agitado e inseguro, particularmente diante da afirmação "o justo viverá pela fé", de Romanos 1:17. Pois ali ele percebia ele que toda a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para condenar e humilhar o homem, e que destas coisas não se pode esperar qualquer ajuda no tocante à salvação da alma.
Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, passou a ser um pregador muito popular, proclamando os rudimentos desta fé que redescobrira. Além disso, em sua pregação ele opunha-se a venda de indulgências, fortemente comandada por João Tetzel.
Lutero decidiu tornar públicas essas idéias e em 31 de outubro de 1517, quando afixou na porta da Igreja de Wittenberg, sua teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Mas Lutero opunha-se à idéia de que a compra das indulgências ou a obtenção das mesmas, de qualquer outra maneira, fosse capaz de impedir Deus de aplicar as punições temporais. Também dizia que elas nada têm a ver como os castigos do purgatório. Lutero afirmava que as penitências devem ser praticadas diariamente pelos cristãos, durante toda a vida, e não algo a ser posto em prática apenas ocasionalmente, por determinação sacerdotal. Este material resumia a aplicação prática do mais importante de sua (re)descoberta teológica até aquele momento.
Com isto Lutero pretendia abrir um debate para uma avaliação interna da Igreja, pois acreditava que a Igreja precisava ser renovada a partir do Evangelho de Jesus Cristo. Em pouco tempo toda a Alemanha tomou conhecimento do conteúdo dessas teses e elas espalharam-se também pelo resto da Europa.
Foi João Eck quem denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, que era o padre confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este contra o monge agostiniano.
Embora estivesse sendo pressionado de muitas formas - excomungado e cassado - para abandonar suas idéias e os seus escritos, Lutero manteve suas convicções. Suas idéias atingiram rapidamente o povo e essa divulgação foi facilitada pelo recém inventado sistema de impressão de textos em série (imprensa).
Após isto Lutero escreveu "Resolutiones", em 1518, defendendo seus pontos de vista contra as indulgências, dirigindo a obra diretamente ao papa. Mas a obra não mudou o ponto de vista do papa a respeito dele. Mas muitas pessoas influentes se declararam favoráveis as opiniões de Martinho Lutero. Num debate teológico em Heidelberg, em 26 de abril de 1518, foi bem sucedido ao defender suas idéias.
Lutero foi convocado a comparecer a Roma, onde seria julgado como herege. Porém ele apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território alemão em outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano. Diante deles Lutero recusou se retratar de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando assim a Igreja Romana. Sua saída da Igreja ficou confirmada num debate em com João Eck, em julho de 1519. A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, e publica vários escritos, dentre eles a "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão".
Assim, Lutero procurou o apoio de autoridades civis e começou a ensinar o sacerdócio universal dos crentes, Cristo como único Mediador entre Deus e os homens, e a autoridade exclusiva das Escrituras, em oposição à autoridade de papas e concílios. Na obra "Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja", ele atacou o sacramentalismo da Igreja. Dizia que pelas Escrituras só podem ser distinguidos dois sacramentos o batismo e a Ceia do Senhor. Opunha-se à alegada repetida morte sacrificial de Cristo, que ocorreria a cada missa. Em outro livro, "Sobre a Liberdade Cristã", ele apresentou um estudo sobre a ética cristã baseada no amor.
Em julho de 1520, a Igreja Romana expediu a bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Em resposta a isto, Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero em praça pública.
Lutero se fez presente na Dieta de Worms, em abril de 1521. Recusando retratar-se, disse que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo que a retratação não seria correta. Dizem alguns historiadores que ele concluiu sua defesa com as palavras: "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém". Como resposta, 25 de maio de 1521, formalizou-se a excomunhão de Martinho Lutero, e a Reforma também foi condenada.

A Reforma, porém, espalhou-se pela Europa. Em 1530 os líderes protestantes escreveram a "Confissão deAugsburgo", resumindo os elementos doutrinários fundamentais do movimento. Por medidas de precaução, Lutero este recluso no castelo de Frederico, o Sábio, cerca de 10 meses, neste período deixou a barba e os cabelos crescerem e era chamado de Cavalheiro Jorge. Foi neste período que conseguiu tempo de trabalhar na tradução do Novo Testamento para a língua alemã. Esta tradução foi publicada em 1532. Com a ajuda de Melancton e outros amigos, a Bíblia toda foi traduzida, e, então, foi publicada em 1532. Essa tradução tornou-se tão importante ao ponto de unificar os vários dialetos alemães, do que resultou o moderno alemão.
Outro fato digno de nota foi o casamento de Lutero, com Catarina von Bora, filha de família nobre e ex-freira, que havia aderido à Reforma junto de outras colegas de clausura que fugiram do convento. Tiveram seis filhos, dos quais alguns faleceram na infância. Adotou outros filhos. Este fato serviu para incentivar o casamento de padres e freiras que tinham preferido adotar a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana.
Em 1546, aos 62 anos de idade, Martinho Lutero faleceu. Porém, só em 1555, o Imperador reconheceu que haviam duas diferentes confissões na Alemanha: a Católica e a Luterana.
Alguns dos pontos mais importantes defendidos por Lutero:
1. Nem o papa nem o padre, tem o poder de remover os castigos temporais de um pecador.
2. A culpa pelo pecado não pode ser anulada por meio de indulgências.
3. Somente um autêntico arrependimento pode resolver a questão da culpa e do castigo, o que depende única e exclusivamente de Cristo.
4. Só há um Mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo.
5. Não há autoridade especial no papa.
6. As decisões dos concílios não são infalíveis.
7. A Bíblia é a única autoridade de fé e prática para o cristão.
8. A justificação é somente pela fé.
9. A soberania de Deus é superior ao livre-arbítrio humano.
10. Defendia a doutrina da consubstanciação em detrimento da transubstanciação.
11. Há apenas dois sacramentos : o batismo e a ceia do Senhor.
12. Opunha-se a veneração dos santos, ao uso de imagens nas Igrejas, às doutrinas da missa e das penitências e ao uso de relíquias.
13. Contrário ao celibato clerical.
14. Defendia a separação entre igreja e estado.
15. Ensinava a total depravação da natureza humana.
16. Defendia o batismo infantil e a comunhão fechada.
17. Defendia a educação dos fiéis em escolas paroquianas.
18. Repudiava a hierarquia eclesiástica.

1484-1531 - HULDRYCH ZWINGLI O REFORMADOR SUIÇO
Zuingli nasceu em Wildhaus, onde era o filho do prefeito da cidade. Estudou em Basel, Berna, Viena, e depois em Basel de novo, onde se graduou como Bacharel em Artes em 1504 e como Mestre em Arte em 1506. Em Basel, absorveu os ensinos de Thomas Wyttenbach sobre as Escrituras e sobre justificação e também se tornou amigo do humanista Glareanus e de Leo Jud. Foi ordenado em 1506 e trabalhou por dez anos na paróquia de Glarus, onde provou ser um bom pastor e um hábil pregador. Continuou seus estudos humanistas, mantendo a língua grega e tentando aprender sozinho o hebraico. Em 1513 e 1515 serviu ao exército papal como capelão dos mercenários de Glarus. Suas experiências o levaram a se opor ao sistema mercenário; era especialmente contrário ao recrutamento francês. Devido ao tumulto resultante, aceitou um novo posto em Einsiedeln em 1516.
Zuinglio permanceu estudando o Novo Testamentos, principalmente sobre influência de Erasmo. Em primeiro de janeiro de 1919, quando tornou-se pastor da maior paróquia de Zurique, anunciou que não seguiria os textos previstos no lecionário e que pregaria sobre o Evangelho de Matheus. Isso foi visto pela Igreja como um ato de desobediência, mas devido ao início da propagação da Peste, a confusão foi acalmada. Um terço da população de Zurique foi morta por esta peste, e no final Zuinglio foi contraiu a doença, levando três meses para recuperar-se, fato que lhe fez experimentar uma relação de dependência para com Deus. Isso mudaria definitivamente sua vida.
Depois disso, Zuinglio continuou a pregar o que encontrava na Bíblia, apesar disso contradizer aquilo que os rituais oficiais da Igreja diziam. Em 1522 muitos párocos de Zuinglio, amparado pelas Escrituras desafiaram as regras da Igreja comendo carne durante a quaresma, Zuinglio os apoiou.
Após muitas discussões sobre o controverso pregador, em 1523 o conselho da cidade de Zurique realizou um debate público sobre assuntos de fé e por fim as idéias de Zuinglio saíram vitoriosas. Por fim o conselho emitiu um decreto permitindo a continuidade da pregação de Zuinglio.
Dentro de dois anos muitas mudanças na Igreja de Zuinglio já eram vizualizadas: as Imagens foram retiras, sacerdotes e freiras foram autorizados a casarem-se e a missa foi substituída por um culto com ênfase quase total na Palavra.
Zuinglio estava realizando a reforma na Suíça, porém muitas foram as oposições encontrada, não só por parte da Igreja Católica, mas também de grupos reformadores mais radicais que queriam mudanças mais rápidas. Numa tentativa de tornar a reforma coesa, em 1529 foram reunidos Zuinglio e Lutero em Marburgo. Das quinze questões discutidas, ambos concordaram em quatorze. O dilema ficou na questão da eucaristia, onde Lutero a via como o recebimento concreto do corpo de Cristo, enquanto Zuinglio com um recebimento espiritual.
Por fim, o movimento de Zuinglio espalhou-se por uma maior parte da Suíças, também pela Alemanha e chegou a Genebra de língua francesa. Porém grande porção rural ainda era dominada pela Igreja Católica. Devido esta batalha por territórios de influência, iniciaram-se batalhas entre as tropas católicas e as de Zurique. Zuinglio somou-se a estas batalhas como soldado e acabou morrendo em 1531 esquartejado na Batalha de Kappel. As batalhas permaneceram por pois cem anos.

1534 – INGLATERRA EMANCIPA-SE DA IGREJA CATÓLICA
No caso da Inglaterra a reforma não foi realizada pelo anseio de algum pregador que queria fazer a Igreja retornar aos ensinamentos bíblicos. Lá, apesar de haverem pessoas interessadas numa mudança profunda na Igreja, esta ruptura para com Roma ocorreu por parte do rei Henrique VIII. Ele não era nada reformador para com os dogmas da Igreja, pelo contrário em 1521 atacou as idéias de Lutero e por isso recebeu um título de honra da Igreja Católica.
Porém, depois da morte de seu irmão Henrique casou-se com a cunhada Cararina de Aragão. Ela porém era estéril e isso atrapalhava o rei nos seu intento de manter sua geração no trono. Por isso foi atraído por Ana Bolena e procurou se livrar da esposa estéril.
Assim, Henrique escreveu uma carta ao papa solicitando autorização para separar-se, citando Levítico 20.21, ele afirmava ter errado ao casar-se com a mulher de seu irmão mais velho. O papa não lhe autorizou devido ao medo que tinha do sobrinho de Catarina, que agora era imperador do Sacro Império Romano.
Em 1533 Henrique substituiu o arcebispo da Cantuária e este novo lhe autorizou a separação. No mesmo ano casou-se com Ana, e ainda neste ano nasceu-lhe a filha Elisabete.
Em 1534 o parlamento Inglês promulgou o Ato de Supremacia, declarando que o Rei era o chefe supremo da Igreja na Inglaterra. Essa mudança simplesmente transformava a Igreja Inglesa em um órgão do estado. Não houveram mudanças teológicas ou nos sacramentos. Porém Henrique acabou com os mosteiros, vendeu as terras e pegou o dinheiro para o tesouro real.


1509 –1564 – JOÃO CALVINO - LÍDER FRANCÊS DA REFORMA
Calvin é chamado de "o organizador do Protestantismo" porque em seu trabalho pastoral de organizar igrejas evangélicas em Estrasburgo e Geneva, desenvolveu um novo modelo de igreja.
Calvino nasceu no noroeste da França, sendo 25 anos mais jovem que Martinho Lutero. Seu nome real era Jean Cauvin, o qual mudou para "Calvin" anos mais tarde. Sendo estudioso, adotou a forma latina Calvinus. Sua cidade natal, Noyon, era um importante e antigo centro da Igreja Católica Romana, tanto que um bispo morava lá e a vida da cidade praticamente girava em torno da catedral.
João Calvino era oriundo de uma família de classe média. Gerard, seu pai, depois de servir à Igreja Romana em várias funções, inclusive como escrivão, veio a ser o secretário do próprio bispo. Assim, o jovem Calvino crescia fortemente ligado aos assuntos da igreja.
Afim de capacitar seu filho a alcançar uma posição de importância na Igreja, o pai de Calvino investiu na melhor educação possível, tanto que aos catorze anos de idade Calvino entrou para a Universidade de Paris, que era o centro intelectual da Europa Ocidental. Lá ele freqüentou o Colégio de Mantaigu, a mesma instituição na qual Erasmo estudou uns trinta anos antes. Embora Calvino se dedicasse a uma carreira similar em teologia, por diversos motivos sua formação tomou um rumo inesperado. Primeiro devido ao novo aprendizado do Renascimento, o Humanismo, que estava travando uma bem sucedida batalha contra o escolasticismo, a velha teologia católica da antiga Idade Média. Calvino se deparou com este novo aprendizado através de outros estudantes e foi rapidamente ganho por estas idéias. Em segundo lugar, inciava-se em Paris um forte movimento para reforma da Igreja, liderado por Jacques Lefèvre d Etaples (1455-1536). E Calvino se tornou um amigo íntimo de alguns dos alunos de Lefèvre. O terceiro motivo está ligado ás obras e idéias de Martinho Lutero que estavam circulado em Paris por algum tempo, causando uma agitação moderada; sem dúvida, Calvino se familiarizou com elas durante os anos de estudante.
Por fim, o pai de Calvino teve uma discussão com os oficiais da igreja em Noyon, incluindo o bispo. Em 1528, assim que Calvino obteve o seu grau de mestre de artes, seu pai lhe disse para deixar a teologia e estudar as leis. Sem se opor Calvino se mudou para a escola de leis em Orleans. Ali ele se dedicou ao estudo das leis, sendo elogiado por sua maestria na matéria. Com freqüência, dava aulas pelos professores ausentes.
Depois de três anos de estudo em Orleans, Bourges e Paris, conseguiu o seu doutorado e licença em leis. Durante esse percurso aprendeu grego e mergulhou nos estudos clássicos, que eram de grande interesse dos humanistas contemporâneos. Ligou-se a um grupo de estudantes que discordavam dos ensinos e práticas do Catolicismo Romano.
Em 1531, com a morte do pai de Calvino, ele se viu livre para escolher a carreira que iria prosseguir e não vacilou, optando por teologia. Excitado e desafiado pelo novo aprendizado, mudou para Paris para se dedicar a uma vida e de pastoreio.
Em 1536 ele publicou a primeira versão de “Institutas da Religião Cristã”, um resumo sistemático da teologia da Reforma. Ao ler este material, o reformador de Genebra Guilherme Farel persuadiu Calvino a ir para aquela cidade afim de auxilia0lo na implantação da Reforma naquele lugar. Lá ele pastoreou a Igreja de St. Pierre e pregava em três cultos por dia. Ainda durante sua estada nesta cidade ele produziu panfletos devocionais, doutrinários e resumos comentados da maior parte dos livros da Bíblia, apesar de ter sofrido com diversas doenças, principalmente enxaquecas.
Apesar de Genebra inicialmente oferecer grande oposição as idéias de Calvino, principalmente por este tentar faze-los ter um viver cotidiano condizente com os ensinos de Cristo, rapidamente sua influência se espalhou pelo solo mais fértil: as escolas. De lá saíam muitas lideranças que reproduziam a confissão de fé Calvinista.
O livro de Calvino que gerou impacto na sociedade na qual viveu, bem como na posteridade foi “As Institutas”, na qual trouxe um resumo bem claro e definido das idéias do protestantismo. Esta obra passaria a ter três volumes, sendo que um deles era dedicado ao Credo apostólico e outro à doutrina da predestinação. Este ensinamento não era uma unanimidade de Calvino, mas de todos os protestantes, porém pelo fato de ele dar uma grande ênfase a esta doutrina, ela ficou com o tempo imaginariamente atrelada a este líder.
A teologia de Calvino consiste em uma compreensão de toda a história da relação homem-Deus. Desde a preexistência de Deus, anterior a tudo, que projetou todas as coisas, que criou anjos e foi traído, que criou o universo, transformou a Terra, e criou o Homem. O qual desde a eternidade ele sabia que iria cair em pecado, querendo ser autônomo, dentre os quais desde a eternidade ele predestinou a muitos para viver a eternidade consigo. Por isto do plano de redenção e da entrega de seu Filho por muitos.
A estes, separados desde a Eternidade, Deus envia o Espírito Santo, levando-os a ter fé em Cristo, e assim serem salvos. O porquê disto não é motivo de estudo de Calvino, que destina a Deus um verdadeiro status de Senhor, de misterioso e misericordioso Soberano, o qual a ninguém revelou o motivo desta atitude, pois por justiça poderia ter condenado a todos, mas por misericórdia salvou a muitos.
Calvino lutava, em seus ensinos, contras as doutrinas Católicas da salvação pelas obras afirmando a soberania de Deus, mostrando que ele como Deus não pode nem deve ser enganado. Ele não cansou de afirmar: “Você não pode manipular Deus ou torna-lo seu devedor. É Ele que o Salva; pois você não pode fazer isso por si mesmo.”
Porém ele não deixava de afirmar em seus enérgicos ensinos que os crentes deveriam demonstrar sua salvação através de suas atitudes. No quarto volume das Institutas, Calvino dedicou-se a organizar a vida prática da igreja através da organização eclesiástica voltada ao presbitério e à santidade.

1540 – IGREJA CATÓLICA APROVA ORDEM DOS JESUÍTAS.
Conjuntura:
- Igreja Católica caindo em descrença pela sua frouxidão moral prática;
- Crescimento do protestantismo;
Fundador:
- Inácio de Loyola, que havia sido um soldado espanhol e ficara um bom tempo s convalescendo, ao ler um livro sobre a vida dos santos inicia uma busca interior por Deus dentro de sua alma. E torna-se uma mistura de soldado e monge, auto abnegado e devoto.
- Escreveu o livro “Exercícios Espirituais”, que trata-se de um manual devocional com alguns passos para se encontrar a Deus.
- Uma espiritualidade profunda e uma obediência leal a Igreja Romana: Estes ensinos de Loyola foram a base da Companhia de Jesus, Ordem que veio a ser criada.
A Companhia:
- A finalidade da Companhia de Jesus é a Evangelização e a Educação.
- Logo haviam missões jesuíticas em vários países.
- O papa Paulo III percebeu o quanto uma ordem deste porte, com ênfase na mensagem de Cristo e na evangelização poderia ajudar a conter a onda protestante.
- Enquanto o conflito com os protestantes acirrava-se na Europa, os jesuítas partiam para o exterior, levando missões ao Japão, Brasil, Índia e Etiópia por exemplo.

1545 – CONCÍLIO DE TENTO: O INÍCIO DA CONTRA-REFORMA
Conjuntura:
- Igreja Romana perdendo espaço na Europa frente ao protestantismo.
- Sacerdotes mundanos.
Convocador:
- Papa Paulo III. Ele convocou uma equipe de cardeais para lhe fazer um relatório da situação da Igreja. As constatações foram catastróficas.
Decisões:
- Término das Indulgências.
- Solicitação ao Clero de evitar até mesmo as menores falhas.
- Reafirmou os 7 sacramentos como indispensáveis para a salvação. Em detrimento aos dois 2 sacramentos protestantes.
- Reafirmou a transubstanciação.
- Reafirmou a missa em Latim.
- Reafirmou que a única interpretação das Escrituras válida era a feita pela Igreja. Rejeitando inclusive a impressão da Bíblia nas línguas locais.
- Por fim, as reformas deste concílio ainda separaram mais as idéias católicas das protestantes.


1514 – 1572 – JOHN KNOX: REFORMADOR ESCOCÊS

Knox nasceu em East Lothian na Escócia. Era filho de um fazendeiro de classe média. Depois da escola em Haddington, Knox frequentou a Universidade St. Andrews, onde foi aluno de John Mair, um dos líderes dos estudiosos escoceses daqueles dias que era um forte defensor das idéias dos concílios para a administração da Igreja.
Após formar-se, ele foi ordenado padre na Igreja Católica (1536) e por causa de estudo das leis se tornou um escrivão papal (1540). Ao mesmo tempo, enquanto trabalhava como tutor dos filhos de alguns proprietários de terra, teve contato com várias famílias protestantes.
Não sabemos nem como e nem quando Knox se tornou um protestante, pois nunca revelou nada sobre sua conversão, mas, aos que parece que foi por volta de 1545. Naqueles dias, um homem chamado George Wishart, um escocês que tinha passado algum tempo na Suíça e Inglaterra, retornou a sua terra natal onde começou a pregar o evangelho. Em janeiro de 1545, depois de pregar em outros lugares, foi para East Lothian onde Knox trabalhou como seu guarda-costas. Apesar da aceitação de Wishart pelas famílias locais, ele foi preso pelo conde de Bothwell e levado para St. Andrews, onde, depois de ser julgado diante do Cardeal Beaton, foi queimado num poste como um herege em março de 1546.
Assim que começo a pregar a fé protestante na Escócia Knox foi aprisionado e passou 19 meses como escravo de franceses. Após isto, conseguindo escapar pastoreou durante 5 anos uma igreja na Inglaterra e depois ficou outros 5 anos na suíça, onde muito aprendeu e cresceu com a teologia de Calvino e outros.
Após isto, em 1559 ele retornou para a escócia, onde permaneceu até a morte pregando incansavelmente. A pregação de Knox logo via seu resultado, pois em 1560 o parlamento escocês adotou uma profissão de fé calvinista e deliberou que o papa não tinha jurisdição sobre a escócia, além de proibir as missas.
Knox e seus apoiadores escreveram o “Livro da Disciplina” que era um verdadeiro manual de organização e prática da igreja, em moldes presbiterianos, além de dar incentivo a criação de escolas e universidade públicas.

1572 – MASSACRE DO DIA DE SÃO BARTOLOMEU.
Conjuntura:
- A França estava divida entre protestantes e católicos, os protestantes eram chamados de huguenotes;
- Em 1555 já haviam na França cerca de 400mil huguenotes espalhados em mais de 2000 igrejas;
- A rainha Catarina de Médici era católica e via ampla oposição nos líderes huguenotes.
O massacre:
- Em 24 de agosto de 1572, as quatro da manhã a rainha deu ordem aos seus soldados e a assassinos contratados para que matassem os principais líderes huguenotes de Paris. Estes eram homens do comércio.
- Logo pela manhã, em meio a grande confusão gerada por esta decisão a população católica (maioria) pobre foi mobilizada contra os huguenotes e o massacre cresceu em proporções;
- Durante dias estas pessoas foram perseguidas e assassinadas em toda a França. Historiadores falam entre 20 e 100 mil mortos naqueles dias.

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XVIII

1703 – 1791 – JOHN WESLEY – EVANGELISTA FUNDADOR DA IGREJA METODISTA

Nascido em Epworth, na Inglaterra, João Wesley era filho de Samuel Wesley, que foi um precursor do Não-conformismo e pároco em Epworth, que, com sua esposa, criou seus filhos num ambiente de piedade e disciplina puritana. Aos cinco anos de idade Wesley foi salvo de um incêndio que destruiu a paróquia de seu pai e que posteriormente lhe deu motivo para que se referisse a si próprio como "um tição apanhado no fogo".
Wesley sempre teve uma educação cristã e recebeu seu título de Mestre em Artes em 1727 em Oxford. Porém, o curto período, dos 24 aos 26 anos de idade, que esteve como assistente do pai na paróquia de Wroote foi sua única experiência eclesiástica. Mas foi uma carta do pároco de Lincoln que trouxe Wesley de volta para suas obrigações em Oxford, onde ele se juntou a seu irmão Charles, a George Whitefield e outros jovens num empreendimento que se transformou no berço do movimento metodista.
A união destes jovens causou grande comentário entre os colegas em Oxford, principalmente por se reunirem com freqüência para estudarem da Bíblia, terem comunhão e juntos orarem. As pessoas se referiam a eles, sarcasticamente, como o ‘Clube Santo’, ‘Sacramentarianos’, ‘morcegos da Bíblia’, ‘fanáticos por Bíblia’ e ‘Metodistas’. João Wesley era chamado o "curador" ou "pai" do Clube Santo.
Charles, irmão de João foi quem começou o grupo enquanto ele estava servindo seu pai em Wroote. João quando retornou não se importou com o apelido, pelo contrário o usava como um distintivo de honra, tanto que no primeiro sermão falou de seus companheiros como "os ironizados chamados Metodistas". Muitos anos mais tarde, em seu Dicionário Inglês, ele acabou por definir ‘Metodista’ como ‘aquele que vive de acordo com o método estabelecido na Bíblia’.
No primeiro dia do ano de 1733, no meio da controvérsia que envolvia os "Metodistas de Oxford", João Wesley pregou seu segundo sermão universitário, intitulado "A circuncisão do coração". Este discurso serviu para caracteriza-lo como um teólogo, pois ali ele obteve aprovação tanto do vice-chanceler como do reitor de Lincoln. Nele Wesley apresentou as duas doutrinas básicas de seu ensino: a perfeição de Cristo e o testemunho do Espírito (de que somos filhos de Deus - Rom. 8:16).
Embora o tumulto gerado pelas suas posições tenha lhe custado posteriormente a perda de salário, de muitos amigos e até da reputação, João Wesley preferia valorizar "um coração limpo, um só olho, uma alma cheia de Deus! Uma troca justa, se pela perda da reputação, pudermos comprar o mais baixo grau de pureza do coração!".
Em 1735 João e seus irmãos foram chamados ao leito de morte de seu pai. Ali Samuel Wesley disse com firmeza a João: "Testemunho interior, filho, testemunho interior - esta é a prova, a maior prova do Cristianismo".
John Wesley pregava sobre fé e amor numa sociedade que caminhava para a frieza e para a dúvida. Certo é dizer que milhões ouviram sua pregação e milhares destes responderam com fé, o que resultou no surgimento de centenas de pequenos grupos de comunhão em toda Inglaterra, e, conseqüentemente, num novo movimento - o Metodismo - que ainda permanece.


1760 – 1831 – ALLEN RICHARD – FUNDADOR DA IGREJA METODISTA EPISCOPAL AFRICANA
Allem nasceu escravo, e se converteu aos dezessete anos através de uma pregação metodista. Imediatamente começou a pregar o evangelho, primeiro para seus familiares, depois para o seu patrão, que acabou se convertendo, e finalmente para negros e brancos por toda a América. Allen Richard aprendeu a ler e escrever sozinho e , depois de trabalhar bastante, foi capaz de comprar a própria liberdade.
Depois de trabalhar em muitos ramos, sempre pregando como leigo, acabou chegando à Filadélfia aos vinte e seis anos. Congregava junto com outros negros na Igreja Metodista São Jorge. Porém, em 1787, um triste incidente afastou os negros daquela congregação: enquanto um amigo de Allen, Absalom Jones, orava em voz alta, os administradores brancos da igreja o obrigaram a ir para o seu lugar, tentando mantê-lo quieto. Em resposta, Jones, Allen e os outros negros deixaram a igreja. Pouco depois, Allen e Jones fundaram a Sociedade Africana Livre, a primeira organização da América criada por negros para os negros. A sociedade não era separatista e proporcionou ajuda mútua e encorajamento espiritual para a comunidade negra da Filadélfia.
Quatro anos mais tarde Jones e Allen deixaram a Sociedade e Jones veio a ser o fundador da Igreja Episcopal Negra. Em 1793 Jones e Allen lideraram outros negros na obtenção de ajuda para a população inteira da Filadélfia durante uma epidemia de febre amarela. Também, em 1793 Allen fundou a Igreja Betel para Metodistas Negros. E foi ordenado Pastor metodista em 1799. Por causa da predominância de brancos na igreja metodista, que no sul dos EUA vivia um contexto de preconceito e separatismo, a congregação de Allen e outras igrejas metodistas negras organizaram sua própria denominação, a Igreja Episcopal Metodista Africana, e Richard Allen foi seu primeiro bispo em 1816. Allen serviu a esse grupo crescente de metodistas negros como líder amplamente respeitado até sua morte em 1831.

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XVII

1609 – JOHN SMYTH FUNDA A IGREJA BATISTA
John Smyth estudou na Universidade de Cambridge e cedo foi ordenado ministro da Igreja da Inglaterra. Na igreja anglicana foi atraído para as idéias puritanas e separatistas e por isso foi afastado da igreja 1602. Sua crença de que as igrejas deviam ser formadas somente de cristãos confessos levou-o a se juntar a uma congregação separatista em Gainsborough.
Também ajudou na formação de uma congregação separada em Scrooby na casa de William Brewster. Os acontecimentos, porém o levaram para Amsterdam. Foi lá que Smyth encontrou-se com os irmãos Menonitas, que praticavam o batismo de adultos sob uma confissão de fé pessoal já haviam duas gerações. Ouvindo os ensinamentos destes crentes, Smith passou a buscar nas esrituras base bíblica para o batismo infantil, e não a encontrando, adotou tal doutrina.
Então ele rompeu com os separatistas e, em 1609, batizou-se a si próprio por imersão. E, a partir deste momento batizou diversas pessoas mediante suas profissões de fé. Entre elas estava Thomas Helwys, que voltou à Inglaterra mais tarde e fundou a primeira igreja batista permanente naquele país.
Antes de sua morte, porém, Smyth afastou-se dos batistas e juntou-se aos menonitas, porém a igreja a qual dera início não o acompanhou e ficou existindo de forma independente.


1620 - PEREGRINOS CHEGAM AOS EUA
Em 1620 chegava aos EUA um pequeno grupo de separatistas ingleses, os quais fundaram a primeira colônia em Massachussets (dirigiam-se para a Virgínia mas se desviaram da rota). Eles foram para a América do Norte em busca de liberdade religiosa, que não tinham em terras inglesas. Viajaram num pequeno navio chamado Mayflower, e durante a viajem assinaram um pacto no qual repudiavam toda a autoridade eclesiástica ou secular inglesa. A celebração da colheita no outono de 1621 foi a primeira festa de Ação de Graças.

1648 - GEORGE FOX FUNDA A SOCIEDADE DOS AMIGOS
Nascido na Inglaterra, Fox era filho de um tecelão e aparentemente não recebeu educação formal e fora aprendiz de sapateiro. Em 1643, o jovem sério deixou o lar e viajou em busca de esclarecimento religioso nas instituições oficias da Igreja Anglicana, acabando por viver experiências dolorosas, até que alguém lhe disse as palavras verdadeira e, segundo seu próprio relato, em 1646 veio a contar com a "Luz Interior do Cristo Vivo".
Fox deixou de ir à igreja, rejeitou os sacramentos exteriores e o clero, pôs de lado disputas religiosas comuns considerando-as triviais, e ensinou que a verdade deve ser encontrada antes de tudo, não nas Escrituras ou no credo, mas na voz de Deus falando à alma. Assim criou os "Amigos da Verdade". Fox reforçou a necessidade de se exercer o sacerdócio universal do crente, e defendeu um estilo simples de vida para seus seguidores.
Fox foi preso em 1649, por ter interrompido um culto numa igreja de Notthingham para pregar a idéia da autoridade e liberdade do plena Espírito Santo. Em Derby, em 1650, foi condenado por blasfêmia. Diante do juiz que o condenou ele disse que aquelas pessoas deveriam “temer” diante da palavra de Deus. Por causa deste termo, como forma de zombaria, eles passaram ser chamados de "Quakers" (que quer dizer “o que treme”).

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XV

1456 – GUTEMBERG PRODUZ A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA:
Johhann Gutenberg (João), que nasceu na Mongúncia em 1398, inventou o sistema de impressão com caracteres móveis de chumbo, que propiciavam a impressão em grande escala de textos. Era o início da Imprensa.
Em 1456 um grupo do qual Gutemberg fazia parte imprimiu uma cópia da Vulgata, versão latina da Bíblia. Porém a grande inovação de Gutemberg não estaria exatamente na cópia desta versão bíblica, pois a grandiosa maioria da população, bem como boa parte dos padres da época, não liam em latim. Assim, a inovação estava no fato da criação de um eficaz instrumento que posteriormente seria usado pelos reformadores, como Lutero, para imprimir versões da bíblia em línguas populares, como o alemão.

1478 – A INQUISIÇÃO ESPANHOLA É INSTALADA.
Cito Curtis:
“Os governadores espanhóis do fi¬nal do século XV, o rei Fernando e a rainha Isabel, acreditavam que seu pais só prosperaria quando fosse verdadeiramente cristão. Pelo fato de mostrar grande devoção ao catoli¬cismo, os monarcas receberam do papa o titulo de "Reis CatóIicos". Em 1478, pediram ao papa que estabe¬lecesse a Inquisição na Espanha, e eles mesmos seriam os inquisidores.
Muitos judeus e muçulmanos da Espanha aparentemente se converte¬ram ao cristianismo, mas sempre hou¬ve desconfiança de que estivessem praticando secretamente sua antiga Fé. Em 1492, os reis cat6licos expul¬saram todos eles de seu pais.
Tomas de Torquemada, frei dominicano cujo nome se tornaria sinônimo de crueldade, foi o inquisidor geral da Espanha. Embora parecesse um cristão modelo na vida particu¬lar, pois era devoto e negava-se a si mesmo, esse homem letrado levava seu ze1o a extremos. Sob sua direção, muitas pessoas foram levadas a fo¬gueira, ao passo que outros pagavam pesadas mu1tas ou sofriam penas hu¬milhantes.
Como a Inquisição tinha o poder de confiscar os pertences dos condenados, ela nunca ficou sem dinhei¬ro para continuar suas perseguições. Ela também vendia a atividade de "familiar", que transformava a pes¬soa em uma espécie de informante, que desfrutava liberdade, pois, em troca da informação, o delator não era preso.
Embora 0 protestantismo estives¬se se espalhando rapidamente pela Europa, na Espanha ele caiu sob a forte mão da inquisição. Ali, os livros protestantes foram banidos e basta¬va a simples suspeita de que alguém era protestante para que os inquisi¬tores fossem chamados. Embora pou¬cos protestantes executados fossem espanhóis, a lição ensinada pelo mar¬tírio dessas pessoas foi suficiente para que muitos se voltassem para a Igreja Cat6lica.
Como resultado, o protestantismo nunca progrediu na Espanha, como aconteceu em outros paises. Embora os protestantes também enfrentas¬sem perseguição no restante da Eu¬ropa, ela não tinha a mesma Fúria da Inquisição espanhola, que durou ate o século XIX.”

1452 – 1498 – GIROLAMO SAVONAROLA
Nasceu em Ferrara, desde jovem resistia aos ensinamentos humanistas e renascentistas que recebia. Tornou-se monge dominicano zeloso e piedoso.
Em 1490 foi para a cidade de Florença, de onde a família Médici governava, trazendo a cidade para o epicentro da cultura renascentista. Lá Savonarola passou a denunciar a pecaminosidade da cidade em suas pregações, bem como a corrupção e a ambição dos governantes que se diziam cristãos. Savonarola atraiu para sai pregação grandes multidões, foi aí que ele predisse a queda da cidade falsamente cristã, e isto realmente ocorreu em 1492, quando os franceses invadiram a cidade e derrubaram os governantes.
Savonarola tornou-se governante e grandes modificações ocorreram no comportamento da população, que buscava redimir-se de seu comportamento do passado. Porém ele não manteve suas críticas ao comportamento popular, atacando também as atitudes do papa Alexandre VI, que era até mesmo pai de um grande número de filos ilegítimos.
Em 1495, o papa proibiu Savonarola de pregar, este obedeceu. Um ano depois, pensando que ele estava redimido, permitiu-o continuar voltar a pregar. Porém já em 1496 ele voltou a atacar a corrupção que era reinante na Igreja Católica. Em 1497 ele foi excomungado, e, após alguma resistência popular, foi enviado aos embaixadores do papa, que em 1498 queimaram ele e dois seguidores na grande praça da cidade.
Apesar da teologia de Savonarola ser católica, muitos líderes protestantes posteriores viriam a considera-lo um protestante, não por sua teologia, mas por sua busca de que a Igreja e as pessoas vivessem segundo o exemplo de Cristo.

1492 – CHEGADA DOS EUROPEUS À AMÉRICA.

1500 – CHEGADA DOS PORTUGUESES AO BRASIL.

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XIV

1311 – 1312 – CONCÍLIO DE VIENA
Este concílio, que foi chamado pelo Papa Clemente V, dissolveu a ordem dos cavaleiros Templários, que haviam sido criada após a primeira cruzada com a intenção de proteger a cidade Santa. Também tentou, sem sucesso, criar novas Cruzadas e condenou os Beguinos e os Begardos.

1378 – 1417 – GRANDE CISMA DA IGREJA ROMANA
Por muitos anos os franceses haviam dominado o papado, tanto que os papas estavam morando na cidade francesa de Avinhão. Este período foi chamado alegoricamente de “Cativeiro Babilônico da Igreja”, porém o papa Gregório XI decidiu mudar-se para Roma. Porém em 1378 Gregório falece e com isto arma-se todo o cenário para o cisma, pois Urbano VI, que foi escolhido como novo papa acaba alienado os cardeais franceses.
Indignados com esta decisão do papa, os cardeais franceses decidem escolher um outro papa, que ao seu ver seria legítimo. Este comandaria a Igreja de Avinhão, enquanto o outro estava em Roma. O papa de Avinhão chamou-se Clemente VII, que após lutar três anos em Roma contra os apoiadores de Urbano, mudou-se para a cidade francesa. Ambos consideravam-se os únicos líderes da Igreja.
Em 1389 Urbano morre, e Roma escolhe Bonifácio IX como novo papa. E em 1394 Clemente morre e Avinhão escolhe Benedito XIII como novo papa. Após a morte de Bonifácio IX Roma passou pelas mãos de Inocêncio VII (1404-1406) e de Gregório XII.
No ano de 1409 ocorreu um concílio em Pisa, onde a Igreja elegeu Alexandre V como novo papa, depondo tanto Benedito XIII como Gregório XII, porém ambos, apoiados por um grupo de cardeais que os apoiavam, recusaram-se a abandonar o “trono de São Pedro”. Assim, a Igreja Católica passou a ter três papas paralelos.
Esta confusão apenas teve seu fim em 1417, quando o concílio de Constança novamente depôs o papa de Roma e o de Avinhão, bem como o outro, elegendo no lugar dos três um novo: Martinho V.


1321 – MORRE DANTE ALIGHERI, ESCRITOR DA OBRA “DIVINA COMÉDIA”
Dante nasceu na cidade de Florença em 1255 e morreu em Ravena em 1321. Além de desenhar e cantar, foi um grande poeta. Quando foi jovem participou de algumas batalhas entre grupos locais inimigos, como resultado foi desterrado de Florença, cidade na qual nunca mais pisou.
Em sua obra “Comédia”, que a posteriore chamaram de “Divina Comédia”, todo o material humano e imaginário da juventude de Dante foi eternizado. A obra tronou-se um clássico da literatura italiana e mundial, tanto por sua poesia, quanto por seu significado. Pois nela, Dante consegue expressar perfeitamente o embaraçado e confuso imaginário religioso popular da Europa no final da Idade Média.
Sobre esta obra, Cito Curtis:
“A obra A divina Comédia, de Dante Alighieri, é um longo poema alegóri¬co dividido em três partes: 0 "Infér¬no" acompanha Dante em sua jorna¬da através de nove círculos concêntri¬cos no abismo do inferno, na qual ele é guiado pelo poeta romano Virgélio; o "Purgatório" descreve a jornada de¬les por uma montanha de nove cama¬das na qual as almas salvas trabalham com o objetivo de limpar seus peca¬dos antes de poderem entrar no para¬iso. A parte final, o "Paraíso” trata de sua jornada com Beatriz - a mu¬Iher que idolatrou por toda vida - e Bernardo de Claraval através dos nove círculos concêntricos do céu, onde ele encontra os santos de Deus.
Em termos teológicos, o poema é perfeitamente ortodoxo, embora Dante retrate o papa como alguém que tem poder sobre o inferno. Essa obra tam¬bem reflete claramente as crenças de sua época. Aqui, de maneira concreta, podemos ver uma amostra das crenças medievais. “


1330 –1384 – JOÃO WICLIFFE: A ESTRELA D’ALVA DA REFORMA
João nasceu no condado de Yorkshire, Grã Bretanha. Em 1372 tornou-se doutor em Teologia por Oxford. Em 1375 escreveu “On Divine Dominion” e em 1376 “On civil dominion”, nestas obras Wifliffe declarava que todos somos “inquilinos” de Deus, e que todo o poder e domínio pertencia a Ele, que por hora o cedia a alguns homens, hora justos, hora injustos. Porém afirmava que aos injustos não deveria pertencer o poder, seja civil, seja eclesiástico.
Em seus ensinos dizia que os clérigos que estivessem em pecado deveriam perder seus direitos e propriedades. Estas afirmações irritavam Roma, que expediu várias bulas papais em 1377 ordenando o silenciar destes ensinamentos. Como resposta, Wicliffe aprofundou suas críticas à organização e aos ensinos da Igreja Romana. Abaixo os principais ensinamentos de João:
• Rejeição aos dogmas centrais da catolicismo que não estivessem explícitos na Bíblia, pois para ele, ela deveria ser a base de todo ensinamento;
• Condenou a idéia da transubstanciação;
• Negou o poder sacramental do sacerdócio, afirmando que cada homem possui direitos e deve ter relações diretas com Deus;
• Negou a eficácia da missa, afirmando que a estrutura sacramental da igreja impedia a verdadeira adoração;
• Negou a Confissão auricular e a Veneração de Imagens;
• Negou o purgatório e o celibato clerical;
• Iniciou, ainda em vida, uma tradução da Bíblia para o inglês, que foi concluída por seus discípulos após a morte;
Em 1381 ocorreu na Inglaterra uma revolta dos camponeses. A Igreja Romana, afim de achar erro em João, acusou-o de contribuir para a revolta. Em 1382 foi morar em sua paróquia, em Lutter Worth, onde morreu em 1384.
Os seguidores de Wicliffe foram chamados Lollardos. Por levar esta mensagem foram perseguidos e praticamente todos exterminados até o século XV. Porém, influenciaram João Huss, e através dos Hussitas sua mensagem prevaleceu. Por Isso Wicliffe é considerado o precursor da Reforma.

1372 – 1415 – JOÃO HUSS O PRECURSOR DA REFORMA
Nascido na Boêmia, em Husinec, em 1398 fez voto de sacerdócio e passou a lecionar na Universidade de Praga. Sofreu influência de Wicliffe, pois suas idéias chegavam a esta região, também conheceu outros reformadores Tchecos da época, como Matheus de Janov.
Cito Curtis:


Passou a pregar na capela de Belém, em Praga, em 1402. Em 1407 identificou-se e comprometeu-se com as idéias reformadoras, passando a prega-las. Entre as idéias que ele pregava estavam:
• Contra a imoralidade e a luxúria no Clero;
• Contra a veneração do papa;
• Por uma fé fortemente cristocêntrica, valorizando a responsabilidade direta do homem diante de Deus;
• Apenas Cristo poderia perdoar pecados e que um dia Deus julgará o mundo todo;
• A importância do pão e do vinho na ceia;
• A importância da palavra de Deus para a transformação do homem;
• Incentivou a tradução da Bíblia para as línguas populares;
Em 1412 teve que deixar a cidade, devido à perseguição, mudando-se para a Boêmia. Em 1414 Huss foi convidado para o concílio de Constança, com uma promessa de “salvo-conduto”, Porém, lá ele foi preso e julgado por heresia. Quando questionado sobre a veracidade das acusações, disse que apenas se retrataria se provassem nas escrituras os seus erros (assim como Lutero faria posteriormente). Huss, porém, foi condenado e queimado à estaca em 6 de julho de 1415.
Cito Elwell:
“Como teólogo, Huss ajudou a restaurar uma visão bíblica da igreja, uma visão que se concentrava nos ensinos de Cristo e no Seu exemplo de pureza. Alem disso, sua ênfase na pregação e no sacerdócio universal dos crentes vieram a ser marcas distintivas da Reforma protestante posterior. Incentivou, também,o cântico de hinos congregacionais, sendo que ele mesmo escreveu muitos deles. Para os tchecos, Huss não foi apenas um líder espiritual como também um ponto central de inspiração nacional nos séculos posteriores a sua morte.”
Os seus discípulos foram chamados Hussitas, depois conhecidos como “Unitas Fratruim”, ou Irmãos Boêmios. A Igreja Romana empreendeu 5 cruzadas contra eles. Em 1431-1449 o Concílio de Basiléia firmou acordo com os Hussitas.

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XIII

A OSTENTAÇÃO E RIQUEZA DO CLERO
Cito Anglin:
“Não há dúvida de que a Europa era, no século treze, go¬vernada pelos padres, que tinham a seu favor a riqueza e a sabedoria. Os mosteiros tinham-se tornado em palácios, onde os abades podiam dar as suas festas suntuosas, e sus¬tentar os seus amores criminosos, protegidos pelo forte braço de Roma. Os bispos eram príncipes que em muitos casos eram donos das terras para as quais tinham sido no¬meados governadores espirituais. Os frades tinham suas belas moradas nos subúrbios de todas as cidades impor¬tantes, e passeavam diariamente pelas ruas, com os seus hábitos negros, para receberem as saudações do povo. As cabanas dos pobres e os castelos dos ricos tinham as portas sempre abertas àquelas visitas, e, ou com vontade ou sem ela, tinham forçosamente de recebê-Ios. Ainda vagueavam tristemente pelo meio dos túmulos e nas montanhas al¬guns ermitões e outros reclusos que com as suas severida¬des ascéticas fortaleciam muito o poder do papa. Muitos verdadeiros cristãos, desgostosos com a conduta desregra¬da dos padres, teriam sem dúvida abandonado o aprisco se não fossem esses ermitões que, com a sua suposta santida¬de, enchiam de medo os supersticiosos e anulavam as obje¬ções dos descontentes.”

1200 – 1204 – IV CRUZADA:
Esta cruzada foi ordenada pelo papa Inocêncio III, porém logo ela acaba figindo de seu controle. A intenção inicial era enfraquecer o poder sarraceno ao invadir o Egito.
Rapidamente os cruzados estavam fora de controle e os interesses espirituais foram substituídos pelos comercias. Para poderem viajar eles fizeram diversas dívidas, e, pressionados a paga-las, no caminho decidiram saquear a cidade de Zara, que era de população cristã. Por este motivo foram todos excomungados.
Mas o príncipe bizantino Aleixo, que acabara de sofrer um golpe, lhes fez a proposta de lhes pagar uma boa quantia caso o auxiliassem a tomar o poder. Eles fizeram isso, porém Aleixo não cumpriu sua palavra e ainda acabou sendo destronado. Enfurecidos, os cruzados saquearam Constantinopla, matando a muitos.
Após isso retornaram para a Itália e ainda saquearam Veneza.

SEITAS ALBINGENSES (OU CÁTAROS)
O surgimento deste movimento se deu na cidade de Albi, localizada no sul da França. Esta cidade, era rica e voltada para a monufatura, tornou-se o centro deste grupo religioso. Algumas doutrinas principais separavam os albingenses da teologia católica, dominante na época:
- Dualismo: Acreditavam que o mundo físico fora criado pelo deus do mal, e que o mundo espiritual pelo deus do bem. Assim, a alma que é espiritual, mas que estava aprisionada no corpo físico, material, precisava libertar-se;
- Busca radical pela purificação, mediante negação a todo e qualquer desejo carnal: incluindo a relação sexual e a alimentação;
- Negação dos sacramentos romanos;
- Negação das riquezas;
- Negação da hierarquia eclesiástica;
- Aplicavam o ‘consolamentum’, um sacramento a ser realizado nos momentos anteriores a morte ou posterior a ela, que seria a última purificação da alma, necessária, segundo eles, para a salvação.

1209 – PERSEGUIÇÃO AO INFIÉIS À IGREJA ROMANA
O Papa Inocêncio III da ordens para que todos os príncipes da França meridional, dos vales de Piemonte, fizessem uma verdadeira cassa aos “hereges”. Nestas regiões, além de albingenses, haviam também muitos seguidores de Pedro Waldo e outros reformadores.
Em 1209, 300 mil soldados recrutados pela Igreja Romana, sob a liderança de Domingos e do papa Alarico chegaram à cidade de Betiers. Esta foi a primeira a ser atacada. Mataram a todos que vinham pela frente, tanto católicos como hereges, mulheres, crianças, idosos e homens, todos. Foram de 20 a 100 mil mortos naquele dia.
Após este empreendimento, compreendido pela Igreja como uma ‘santa cruzada contra os hereges’, continuaram a realizar-se atos como estes, ano após ano. Tanto que a Igreja Romana organizava constantemente exércitos, formados por pessoas ludibriadas pela promessa de imediata ‘redenção’ de suas almas.

1210 – FRANCISCO DE ASSIS TEM A AUTORIZAÇÃO DO PAPA INOCÊNCIO III PARA PÔR EM FUNCIONAMENTO DA “ORDEM DOS FRADES MENORES”.
Esta atitude de Inocêncio III, foi para alguns, até mesmo vista como algo estranho. Porém fazia parte das táticas papais para conter o crescimento dos grupos tidos como hereges. Isto, porque, muitas pessoas diante da triste realidade de uma igreja hierarquizada, e de um mundo contaminado pela ganância e pecaminosidade, buscavam alguma alternativa, geralmente na vida eremita. A ordem mendicante, de regras firmes e ensinamento simples, trazida por Francisco era uma boa ferramenta, aos olhos do papa para manter estas pessoas dentro da Igreja Romana. Boa ferramenta didática para trabalharmos este tema é o filme “Irmão Sol, Irmã Lua”.
Cito texto de Assis, em Elwell (1):
“O fundador universalmente admirado da Ordem dos Frades Menores (franciscanos). Nascido com o nome de Francesco Bernardone, filho de um abastado mercador de tecidos em Assis, era um jovem popular, muito animado, grandemente inspirado pelos ideais cavalheirescos dos trovadores e cavaleiros. Pouco depois dos vinte anos, experimentou uma conversão gradual, porém profunda, expressa em vários gestos dramáticos, tais como a troca de roupas com um mendigo e o beijo na mão infeccionada de um leproso. Depois de ter vendido mercadorias da família, a fim de reconstruir uma igreja local, seu pai, enfurecido, enojado pelos instintos não mundanos do filho, levou-o para ser julgado diante do tribunal do bispo. Ali, Francisco não hesitou em renunciar a sua herança e, num ato memorável, despojou-se ainda das suas roupas, dando a entender sua total entrega a Deus.
Francisco passou os anos imediatamente seguintes vivendo como eremita, perto de Assis, ministrando aos necessitados, consertando igrejas e atraindo um pequeno grupo de seguidores de suas regras simples. A aprovação que o papa Inocêncio III deu a nova ordem, em 1210, foi uma importante vitória; em vez de serem rejeitados como outro movimento herege ameaçador, os "frades menores" foram bem recebidos como uma poderosa corrente de reforma dentro da igreja estabelecida.
Depois de uma missão de pregação no Oriente islâmico (incluindo uma audiência notável com o sultão no Egito), Francisco voltou a sua base em 1219, para enfrentar uma crise. O movimento agora contava com cerca de cinco mil adeptos, e aumentavam as press6es no sentido de se estabelecer uma organização mais formal. Aflito por este desvio da espontaneidade e simplicidade, Francisco separou-se cad a vez mais para viver na pratica a sua missão, mediante o exemplo pessoal. A meditação intensa sobre os sofrimentos de Cristo levou-o a famosa experiência dos estigmas - sinais das feridas de seu Mestre em sua própria carne. E embora ele fosse mais um pregador do que um escritor. em 1223 completou uma segunda regra (adaptada como a regra oficial da ordem), e, por volta de 1224, sua peça mais famosa, "Cântico do Sol", um peça de louvor a Deus e a Sua criação. Doente e quase cego, finalmente foi trazido de volta a Assis de seu remoto eremitério e morreu no dia 3 de outubro de 1226. Foi canonizado em 1228 por seu amigo Gregório IX, e seu corpo logo foi removido para a basílica recém-construída que leva o seu nome.
A chave da vida de Francisco foi sua tentativa, sem meios-termos, de imitar o Cristo dos evangelhos através da pobreza, humildade e simplicidade absolutas. Amava a natureza como a boa obra das mãos de Deus e tinha profundo respeito as mulheres (tais como sua amada mãe, e Clara, sua seguidora). Ao mesmo tempo, sua obediência de boa mente ao papado e ao sacerdócio permitia-Ihes acolherem bem este reformador e santo que, em outros aspectos, também era radical. “
O dramático encontro entre o papa Inocêncio e Francisco, é relatado por Gonzáles:
“Inocêncio era o papa mais poderoso que a história tinha conhecido (...) a sua disposição estava as coroas dos reis e os destinos das nações. Diante dele o pobrezinho Assis, que pouco se importava com as intrigas as época, e cuja única razão para conhecer o imperador era que promulgasse uma lei proibindo a caça de “minhas irmãs, as avezinhas”. Um altivo; o outro esfarrapado. (...) Conta-se que o pontífice recebeu o pobrezinho com impaciência.
- Vestido como estás, mais pareces porco que ser humano – lhe disse. – Vai viver com seus irmãos.
Francisco se inclinou e saiu em busca de uma pocilga. Ali passou algum tempo entre os porcos, revirando-se no lodo. Depois regressou para onde estava o papa, e com toda humildade se inclinou novamente e lhe disse:
- Senhor, fiz o que mandaste. Agora te rogo que faças o que eu te peço.
Se se tratasse de outro papa, a entrevista teria terminado ali mesmo. Mas a parte do gênio de Inocêncio consistia exatamente em saber medir o valor das pessoas, e unir os elementos mais opostos em sua direção. Naquele momento o franciscano nascente estava na balança, como uma geração antes estivera o movimento dos valdenses. Mas Inocêncio foi mais sábio que seu antecessor, e a partir de então a igreja contou com um dos seu mais poderosos instrumentos.”

1212 – CRUZADA DAS CRIANÇAS:
Esta cruzada foi organizada por dois bispos, Estevão e Nicolau, que tinham a intenção de conquistar a Terra Santa através da entrada dos “puros de coração”. Participaram desta empreitada crianças de até 12 anos de idade, em sua maioria órfãos, que foram marchando, sem armas, segurando flautas e cantando em direção a Jerusalém.
As crianças, que estavam vestidas de branco, e muitas delas fantasiadas de anjos foram mortas pela espada ou afogadas no mar ou vendidas como escravas.

1215 – IV CONCÍLIO DE LATRÃO (OU LATERANO) AUMENTA AUTORIDADE DO PAPA, INSTITUI A INQUISIÇÃO E A TRANSUBSTANCIAÇÃO.
• O papa Inocêncio III, que teve seu papado de 1198 a 1216, tendo neste concílio um aumento substancial do seu poderio.
Conforme Anglin:
“O pontificado de Inocêncio adquiriu maior importância por ser ele quem estabeleceu por decreto o dogma fatal da transubstanciação, decidindo, assim, uma questão que, havia tanto tempo, se agitava no espírito de muitos. No quarto concílio Laterano (1215) foi afirmado canonica¬mente 'que, depois de o padre pronunciar as palavras de consagração os elementos sacramentais do pão e do vinho ficam convertidos na substância do corpo e do sangue de Cristo. Assim, foram decretadas honras divinas aos ele¬mentos consagrados, que se tornaram objeto de culto e adoração. Foram feitos cofres ricos, lindamente cinzela¬dos, para os receberem e, desse modo, segundo esta doutri¬na falsa, o Deus vivo era encerrado um cofre, e podia ser transportado de um para outro lado” p.159
Muitas coisas foram discutidas neste concílio, entre elas:
• Papa Inocêncio III deixou clara sua intenção de obter maior controle sobre a Igreja e o Estado;
• Este concílio deu ao papa o título de “Vigário de Cristo”, ou seja, o mediador entre Deus e os homens, abaixo de Deus, porém acima dos homens;
• Obrigatoriedade de todo cristão realizar, pelo menos uma vez ao ano, uma confissão a algum sacerdote e tomar parte da comunhão;
• A doutrina da transubstanciação tornou-se oficial, ou seja, dava-se maior ênfase à comunhão para receber a salvação, pois ali, acreditavam, estavam verdadeiramente o corpo e o sangue de Cristo;
• Foi decretado que toda a catedral devesse ter um professor de teologia, pois era terrível a ignorância de muitos sacerdotes;
• Foi decidido que, oficialmente, todo tipo de crítica à Igreja passava a ser um risco real à salvação da alma do indivíduo.
• Foi dada a autorização ao Estado para perseguir os hereges e a confiscar suas propriedade. Além disso, aquelas autoridades seculares que colaborassem iriam receber perdão completo de todos os seus pecados. Aqueles, porém, que se negassem a auxiliar a Igreja na perseguição iria ser excomungada.
• Ficou proibida a ordenação de bispos ou sacerdotes por parte dos governantes seculares. Só o Papa poderia tirar ou pôr bispos.
• Concílio obrigou os judeus a utilizarem uma identificação especial. Ficavam os cristão proibidos de fazer negócios com eles.
• Fez os preparativos para a quinta cruzada.
• Confirmou Frederico II como imperador.

1229 – RECONHECIMENTO PÚBLICO DA INQUISIÇÃO:
Até esta data os processos de captura e extermínio dos “hereges” fora mantido em determinado sigilo pela Igreja Romana. Neste ano, porém, ela reconhece publicamente a “utilidade” da mesma. Foram instituídos, oficialmente, muitos tribunais da inuisição.

1219 – 1221 – V CRUZADA:
Esta cruzada que foi incentivada por Honório III, assim como a IV Cruzada, tinha a intenção de diminuir o poder sarraceno (árabe) através de uma invasão ao Egito.
De fato conseguiram invadir uma cidade egípcia, Damieta, porém conseguiram se manter por pouco tempo com o poder.

1229 – VI CRUZADA:
Foi incentivada por Frederico II. Sua intenção era de libertar a Terra Santa (Jerusalém). Os Cruzados, porém, fizeram um tratado com o sultão, passando o poder da cidade para Frederico II, e, por este motivo Frederico foi excomungado.
O resultado, porém, desta Cruzada foi uma trégua de 10 anos entre cristãos e muçulmanos.

1245 – CONCÍLIO DE LYON I:
Este concílio foi chamado pelo papa Inocêncio IV. Nele foi deposto o imperador Frederico II e lamentada a perda de Jerusalém para os sarracenos (árabes).

1248 – 1250 – VII CRUZADA:
Este empreendimento foi organizado e liderado por Luiz IV, da França, que depois foi chamado de São Luiz. A Cruzada teve como objetivo libertar Jerusalém através da invasão do Egito.
Os soldados, já no Egito, foram isolados pela cheia do rio Nilo, e por fim dizimados pela Tifo. Luiz caiu como prisioneiro dos islâmicos e só conseguiu se libertar após altíssima indenização.

1270 – VIII CRUZADA:
Novamente organizada por Luiz IV, as tropas partiram para a cidade de Tunis, na África. Lá Luiz é atacado por uma peste e morreu. A Cruzada foi suspensa.

1274 – MORRE TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
Aos 23 anos de idade Tomás já era professor de teologia em Colônia, numa escola que fundara junto com seu orientador Alberto Magno. Aos 27 anos se tornou professor da Universidade de Paris. Dos 34 aos 43 anos ensinou nas Curiae Papais, na Itália. Dos 43 aos 47 anos voltou à Universidade de Paris. Depois disso, dos 47 aos 49 anos ensinou em uma cada Dominicana, quando faleceu a caminho do concílio de Lyon.
Ele foi canonizado pela Igreja em 1326. No ano de 1567 foi considerado Doutor da Igreja, em 1879 seus textos foram recomendados para leitura pelo papa Leão XIII. Por fim, em 1860 o declararam patrono das escolas católicas.
Durante sua vida Aquino dedicou-se muito ao estudo e a escrever, totalizando entre 89 e 98 obras completas. Sua obra mais importante é “Summa Theologica”, que trata-se de um tratado sistemático da doutrina cristã em termos filosóficos.
Quanto aos legados de Aquino, cito Norman L. Geisler (in: Elwell):
“As opinões de Aquino abrangem a maioria das categorias filosóficas e teológicas.
A fé e a Razão. Como Agostinho, Aquino acreditava que a fé era baseada na revelação de Deus nas Escrituras. O apoio para a fé acha-se nos milagres e nos argumentos prováveis. Embora a existência de Deus possa ser comprovada pela razão, o pecado obscurece a capacidade de 0 homem saber, de modo que a fe (e nao as provas) de que Deus existe e necessária para a maioria das pessoas. A razão, porem, nunca e a base da fé em Deus. Exigir razões para a fé em Deus realmente diminui o mérito da nossa fé. (...) porem, não devem deixar de raciocinar a respeito da sua fé e a favor dela. Ha cinco maneiras de demonstrar a existência de Deus pela razão.(...) Ha, no entanto, mistérios (a Trindade, a encarnação) que não podem ser conhecidos pela razão humana, mas somente pela fé.
Epistemologia. Aquino sustentava que todo o conhecimento começa na experiência. Temos, porem, uma capacidade para o conhecimento que é inata e apriorística. (...)
Metafísica. Assim como Aristóteles, Aquino acreditava que a função do sábio era conhecer a ordem. A ordem que a razão produz nos seus próprios atos e a lógica. Aquela que ela produz mediante os atos da vontade e a ética. A ordem que a razão produz nas coisas externas e a arte. Mas a ordem que a razão contempla (mas não produz) é a natureza. Mas a natureza estudada no âmbito do ser e a metafísica.
O centro da metafísica de Aquino é a distinção real entre a essência e a existência em todos os seres finitos. Aristóteles tinha distinguido entre a realidade e a potencialidade, mas aplicava essa distinção somente a forma e a matéria, e não a ordem da existência. Aquino argumentou que somente Deus é ser puro, realidade pura, sem nenhuma potencialidade.
Deus. Somente Deus é existência (a qualidade de "Eu sou"). Todo 0 mais têm existência. A essência de Deus é idêntica a Sua existência, existir é da essência dEle.
Deus e um ser necessário. Ele não pode não existir. Nem é possível que Deus Se altere, visto que Ele não tem potencialidade para ser outra coisa senão aquilo que é. Semelhantemente, Deus é eterno, visto que o tempo subentende uma mudança de antes para depois. Mas sendo o EU-SOU, Deus não tem "antes" ou "depois". Deus também é simples (indivislvel), visto que não tem potencial para a divisão.”
Vejamos um pequena mostra da apologética filosófico-cristã de Aquino. Trago abaixo um resumo dos 5 argumentos racionais que ele usou para provar a existência de Deus.
1) Sobre o Movimento: O movimento não ocorre por si só, é necessário que algo o motive. Se formos olhar toda a cadeia de acontecimentos, deve ter havido um movimento inicial, pois a cadeia deve ter um início. As coisas inanimadas não podem em si mesmas ter início algum, Assim: A grande causa motriz, imóvel, é Deus.
2) Sobre a Causalidade: Alguns acontecimentos são caudados por outros anteriores. Estes anteriores, por sua vez, por outros ainda mais anteriores. E assim até o início da Cadeia. Esta cadeia deve ter um início, não pode ser infinita. Assim: a primeira causa, não causada, é Deus.
3) Sobre a Possibilidade: Algumas coisas são transitórias, pois possuem sua existência derivada de outras. Sua existência é possível, mas não necessária. Também numa cadeia, tudo deriva de algo, e isto não pode ser infinito em derivação. Assim: O ser imprescindível, auto-existente é o que chamamos de Deus.
4) Sobre a Perfeição: Podemos julgar algo como sendo mais ou menos perfeito. Não podemos achar aos nossos olhos algo completamente perfeito, mas algo nos que há um padrão de perfeição. Assim: O padrão absoluto é Deus.
5) Sobre o Projeto: Elementos inanimados cooperam entre si para um fim bem ajustado. Isso não pode ocorrer por acaso, mas exige um projetista inteligente: esse projetista é Deus.


1274 – MORRE BOAVENTURA (1221-1274)
João de Fidanta, que posteriormente se chamou Boaventura, nasceu na cidade de Bagnorea, próximo de Viterbo, na Toscana, Itália. Ainda quando era bebê teve uma grave doença, sua mãe prometera à São Francisco, recém canonizado, que se o menino sarasse iria para um mosteiro franciscano. O menino sobreviveu, e, quando sua mãe percebeu sua cura exclamou “Oh! Boa Ventura!”. Por causa disto, assim foi chamado o menino.
Com treze anos ele já estudava teologia. Dos 27 aos 34 ensinou na universidade de Paris. Aos 36 já lecionava teologia. Porém, na mesma época foi chamado para ser um ministro geral da ordem franciscana, cargo que ocupou com grande distinção até ser chamado para ser cardeal. Em 1274, logo após ser ordenado cardeal, foi chamado a comparecer ao concílio de Lyon, onde acabou morrendo inesperadamente.
Boaventura é chamado de segundo fundador da ordem franciscana. É considerado “Doutor da Igreja” ou “Doutor Seráfico”. Foi canonizado em 1482.
Quanto à teologia de Boaventura, cito Gonzalez:
“A teologia do Doutor Seráfico é tipicamente franciscana, e por isto é sobretudo ma teologia prática. Isto não quer dizer que seja uma teologia utilitarista, que só se interessa pelo que tem aplicação imediata, mas que em seu propósito principal é levar a bem-aventurança, à comunhão com Deus. (...) Para eles (mestres franciscanos) o propósito da vida humana era a comunhão com Deus, e a teologia nada era senão um instrumento para chegar a este fim.
(...) Boaventura era agostiniano. (...) Isto podemos ver particularmente na maneira com que o Doutor Seráfico entende o conhecimento humano. Este não pode ser obtido mediante os sentidos ou a experiência, mas somente através da iluminação direta pelo Verbo divino, em que estão as idéias exemplares de todas as coisas.
(...) Como Anselmo tinha dito muito tempo antes, Boaventura estava convicto que para compreender era necessário crer e não vice-versa. Assim, por exemplo, a doutrina da criação nos diz como devemos entender o mundo, e guia nossa razão nesta compreensão. Precisamente por não conhecer esta doutrina é que Aristóteles afirmou que o mundo era eterno. Dito de outra maneira, Cristo é o Verbo, é o único mestre, em quem se encontra toda a sabedoria. “

1274 – CONCÍLIO DE LYON II:
Foi convocado pelo papa Gregório X. Nele foi reafirmada a cláusula “filioque”, proibida a criação de novas ordens monásticas e novamente tentado dar início a um processo de reunificação entre a igreja ocidental e a oriental.

UNIVERSIDADE: Uma bela novidade do Século XIII:
Uma das grandes características que marcaram o século XIII foi o fato de os centros de conhecimento da época serem transferidos dos antigos mosteiros, fortíssimos em ensino no período da alta-idade-média, para as escolas superiores presentes nas grandes cidades.
Aliás, o fortalecimento dos centros urbanos é uma grande marca do período, que trás em si as características de tudo que irá servir para pôr fim à idade média.
No trecho abaixo Gonzalez explica bem a função e o funcionamento das universidades neste século:
“Ao falarmos de universidades, entretanto, devemos esclarecer que no princípio não se tratava de instituições como as que hoje em dia recebem este nome. Naquela época os artesãos dedicados a certas ocupações se organizavam em corporações cujo prop6sito era tanto defender os direitos dos seus membros como garantir que a qualidade do seu trabalho fosse uniforme. Assim, por exemplo, se em uma cidade era iniciada a constru¬ção de uma grande catedral, e vinham pedreiros de diversas regiões, a corporação garantia que cada um recebesse respon¬sabilidades e salários de acordo com sua habilidade e experiên¬cia. Da mesma forma, as universidades em seu inicio não eram instituições de ensino superior, mas corporações de professores e alunos, cuja função era tanto defender os interesses comuns a todos eles como garantir o grau de preparo que cada um alcançava. Por isto uma das características principais destas universidades era que seus mestres gozavam do jus ubique docendi: 0 direito de ensinar em qualquer lugar.
As universidades mais antigas remontam a fins do século XII, quando as escolas de cidades como Paris, Oxford e Salerno chegaram a um ponto culminante. Mas foi o século XIII que viu o crescimento pleno das universidades. Se bem que em todas elas eram estocados os conhecimentos básicos da época, logo algumas ficavam famosas em alguma área particular de estudo. Quem queria estudar medicina fazia todo o possível para ir a Montpelier ou a Salerno, enquanto Ravena, Pavia e Bolonha eram famosas por suas faculdades de direito, e Paris e Oxford por seus estudos de teologia. Na Espanha, a universidade mais famosa foi a de Salamanca, fundada no século XIII por Afonso X, o Sábio.
Os que queriam se dedicar ao estudo da teologia tinham primeiro de ingressar na faculdade de artes, onde passavam diversos anos estudando filosofia e letras. Depois ingressavam na faculdade de teologia, onde começavam como "ouvintes", e progressivamente podiam chegar a ser "bachareis bíblicos", "bachareis sentenciarios", "bachareis formados", "mestres licenciados" e "doutores".”

HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XII

1147 – A SEGUNDA CRUZADA
Cito Anglin:
“As nossas referências ao século XII ficariam incomple¬tas se deixássemos de falar das outras cruzadas. O ano de 1147 é notável por ser o ano em que teve lugar a segunda cruzada contra os maometanos. Durante bastantes anos o poder dos cruzados na Síria e Palestina vinha diminuindo cada vez mais, e os soldados da cruz, como lhes chama¬vam, tinham-se entregado a uma vida de luxúria e ociosidade - tentações próprias dos países do Oriente. Os mao¬metanos, aproveitando-se destas circunstâncias, reuniram as suas forças, e depois de embaraçarem os cristãos e de os enfraquecerem consideravelmente com várias escaramu¬ças, conseguiram tomar posse novamente de Edessa e esta¬vam concentrando a sua atenção sobre Antioquia.
Os cruzados, tendo a consciência da sua fraqueza, fica¬ram deveras alarmados, e enviaram mensagem a Roma implorando socorro; e foi esta a origem da segunda cruza¬da. O papa Eugênio IV satisfez o pedido, e confiou pruden¬temente a pregação da cruzada a Bernardo de Clairvaux. Além da muita eloqüência do ilustrado abade, tudo quan¬to ele dizia tinha um grande peso moral que o devia fazer ganhar qualquer causa que advogasse; e a confiança que o papa depositou nele foi bem cabida. O rei da França e o imperador da Alemanha responderam ambos à chamada. Depois de reunirem 900.000 homens em volta da bandeira da cruz, este grande exército dividiu-se em duas partes e marchou para a Palestina. Mas a infelicidade acompa¬nhou-os em todos os seus passos, e o resultado da empresa foi miserável e humilhante. Só uma pequena parte do exército francês chegou à Terra Santa, e os seus chefes nada puderam fazer devido às invejas e dissensões entre os soldados. No ano de 1149 o resto do exército desbaratado voltou para a Europa, tendo morrido muitos milhares de homens na empresa.” p.149-150


1148 – GRACIANO FORMULA A LEI CANÔNICA DA IGREJA ROMANA

Cito Durant:
“Realmente, o campo que a lei canânica abrangia era maior do que de qualquer ou• tro código civil contemporâneo. Abrangia não somente a estrutura, dogmas e funcio¬namento da Igreja como também as regras para tratar com os não cristãos em terras cristãs, o processo para a investigação e supressão da heresia e organização das Cruzadas, leis do matrimônio, legitimidade, doações, adultério, divórcio, heranças, regula¬mentos para as escolas e universidades, juramento, perjúrio, sacrilégio, blasfêmia, si• monia, libelo, usura e preço justo, tréguas de Deus e outros meios de limitar a guerra e organizar a paz, direção dos tribunais episcopais e papais, emprego da excomu¬nhão, anátema e interdição, aplicação das penas eclesiásticas, relações entre os poderes civis e eclesiásticos, entre o Estado e a Igreja. Esse vasto corpo da legislação da Igre¬ja aplicava-se a todos os cristãos. A Igreja se reservava o direito de punir qualquer in¬fração com uma variedade de penalidades físicas ou espirituais, salvo o fato de que nenhum tribunal poderia dar uma "sentença de sangúe" - isto é, não poderia condenar ninguém à pena capital.” p.674

1179 – MORRE PEDRO WALDO, UM MISSIONÁRIO ESPECIAL.

Citar Anglin:
“Mas a luz mais brilhante desse século foi talvez Pedro Waldo, o piedoso negociante de Lyon. A morte súbita de um amigo despertou-lhe pensamentos sérios, e ele tomou¬se um atento leitor das Escrituras Sagradas. Distribuiu seus bens pelos pobres, dedicou o resto de sua vida a prati¬car atos piedosos. Um conhecimento mais amplo da Bíblia fez-lhe perceber a corrupção no sistema rdigioso que então predominava e levou-o por fim a repeli-Io como cristão. Entretanto estava também ansioso por livrar outros do es¬tado tenebroso em que ele também se encontrara havia ainda tão pouco tempo, e começou a andar por um lado e outro, a fim de pregar as riquezas insondáveis de Cristo. Um dos seus adversários, Stephanus de Borbonne, infor¬ma-nos que Waldo era aplicado ao estudo dos primeiros ensinadores da igreja e prestava muita atenção à leitura da Bíblia, e por isso tornou-se tão familiar com este livro, que tinha tudo gravado na memória, e determinou procurar aquela perfeição evangélica que distinguiu os apóstolos. Stephanus informa-nos mais que, tendo vendido todos os seus bens, e distribuído aos pobres o dinheiro resultante dessa venda, o piedoso negociante foi por diversos sítios pregando o evangelho e as coisas que sabia de cor, nas ruas e praças públicas. Entre outras coisas contadas pelo mes¬mo escritor, lemos que reunia à roda de si homens e mulhe¬res de todas as classes, mesmo das mais humildes, e confir¬mando-os no conhecimento do Evangelho mandava-os pe¬los países vizinhos para pregarem. Mas os passos que Wal¬do deu para a tradução dos Evangelhos em língua vulgar serão sempre considerados como a sua maior obra. Sem isto nunca poderia ter mandado para fora do país, com pa¬lavras de vida, os seus discípulos, porque eram ignorantes e as Sagradas Escrituras só se podia obter na língua latina.
A sua fidelidade, porém não podia deixar de ter oposi¬ção, e a notícia deste grande fato provocou logo a oposição do Vaticano. Enquanto Waldo se contentou com a insigni¬ficante tarefa de reformar a vida do clero, não sofreu gran¬de oposição, mas logo que tirou da bainha aquela terrível arma, a Palavra de Deus, e a colocou nas mãos do povo, declarou-se inimigo de Roma. Colocar uma Bíblia aberta nas mãos dos leigos era, nem mais nem menos que pertur¬bar os próprios fundamentos do papismo, porque a Palavra de Deus era o maior adversário de Roma. O. papa foi por isso muito pronto e decisivo, e mandou publicar uma exco¬munhão contra o honrado negociante. Ainda assim, a des¬peito da bula de Alexandre, Walde fico:u em Lyon mais três anos, muito ocupado a pregar e distribuir as Sagràdas Escrituras, e por este tempo, vendo d papa que ás medidas que tinha adotado não produziam efeiÜ:J, esténtleu as suas ameaças a todos os que estivessem em contãtõ com o here¬ge. Foi então que Waldo, por causa dos seus inimigos, dei¬xou a cidade e durante os quatro anos que ainda viveu foi como peregrino na face da terra, tendo, contudo, sido sem¬pre guardado pela providência de Deus de ser vítima da perseguição de Roma, e morreu de morte natural no ano 1179.” p.141


- A QUESTÃO DO PECADO E DA ÉTICA NA CRISTANDADE NESTE PERÍODO

Cito Durant:
“A Igreja acreditava que aquelas fontes de moralidade naturais ou seculares não eram suficientes para controlar os impulsos que preservam a vida nas selvas, mas que destroem a civilização, ou a ordem na sociedade. Tais impulsos são demasiado fortes' para que possam ser refreados por qualquer autoridade humana que não pode estar em toda a parte ao mesmo tempo, co,m a sua polícia atemorizadora. Um código profundamente moral que não for congênito à carne deve. para ser obedecido. trazer consigo o selo de urna origem sobrenatural. Deve trazer a sanção e o prestígio divinos a fim de set respeitado pelo indivíduo, na ausência de qualquer outra força, em todos os momentos e circunstâncias da vida. Até mesmo a autoridade dos pais, tão vital pa¬ra a mora I e a ordem social, desaparece na luta contra os instintos primitivos, a não ser que se apóie na crença religiosa que se inculcou no filho. Para salvar e servir a socieda¬de, a religião não deve opor aos instintos aquelas diretrizes feitas pelo homem e que possam ser duvidosas, mas sim os imperativos categóricos do próprio Deus. Os man¬damentos de Deus (tão pecador e selvagem é o homem) devem ser apoiados não so¬mente pelo louvor e respeito que se rendem para a eles obedecer, tampouco pela infe¬licidade e penas impostas por infringi-Ios, mas também pela esperança de se alcançar o céu pela virtude e o temor de ir para o inferno por causa do pecado que não tenha sido punido. Os mandamentos devem vir de Deus e não de Moisés.
A teoria biológica dos instintos primitivos que incapacitavam os homens para a ci¬vilização era simbolizada na teologia cristã pela doutrina do pecado original. A seme¬lhança da concepção hindu do karma, era uma tentativa de explicar um sofrimento aparentemente não merecido: os bons sofriam neste mundo em razão de algum peca¬do cometido pelos seus antepassados. De acordo com a teoria cristã, toda a raça hu¬mana traz em si o pecado de Adão e Eva. Disse Graciano no Decretum (ca. 1150), aceito pela Igreja em seus ensinamentos, porém não oficialmente: "Todo ser humano que for concebido pelo coito do homem com a mulher nascerá com o pecado original. ficará sujeito à impiedade e morte e será, portanto, um filhb do ódio." 1 Somente a graça divina e a morte redentora de Cristo é que poderiam salvá-Io do mal e do infer¬no (somente o exemplo do Cristo martirizado poderia redimir o homem da violência, volúpia e ambição, e salvá-Ia, juntamente com a sociedade, de destruição). Essa dou¬trina, combinada com as catástrofes da natureza, as quais pareciam inexplicáveis salvo como castigo pelos pecados cometidos, provocou em muitos cristãos medievais a idéia de que já nasciam impuros, depravados e culpados, idéia essa que encheu muitas pá¬ginas de sua literatura antes de 1200. Depois disso, até à Reforma, foi diminuindo muito tal concepção de pecado e temor, depois ela surgiu novamente com grande in¬tensidade entre os puritanos.
Gregório I e outros teólogos posteriores citaram sete pecados capitais - orgulho, avareza, inveja, ira, volúpia, gula e preguiça, aos quais opuseram as sete virtudes car¬deais: quatro "naturais" ou virtudes pagãs, enaltecidas por Pitágoras e Platão - sa¬bedoria, coragem, justiça e temperança, e três virtudes' 'teologais" - fé, esperança e caridade. No entanto, embora aceitasse as virtudes pagãs, o cristianismo jamais as as¬similava. Preferia a fé à sabedoria, a paciência à coragem, o amor e perdão à justiça, e a abstinência e pureza à temperança. Enaltecia a humildade, considerando o orgulho (tão preeminente no homem ideal de Aristóteles) o pior de todos os pecados mortais. Uma vez ou outra falava nos direitos do homem, insistia mais em seus deveres, não somente para consigo mesmo mas também para com seus companheiros, a Igreja e Deus. Ao pregar sobre a "delicada e bondosa figura de)esus", não se mostrou a Igreja receosa, de que isso transformasse o homem em uma criatura efeminada. De fato, os homens do mundo latino cristão eram mais viris - sem dúvida porque en¬frentavam maiores dificuldades - do que os seus modernos beneficiários e herdeiros. (...)
A ética cristã adotava para com os adolescentes uma política de silêncio a respeito do sexo. A maturidade financeira - a capacidade de sustentar a família - vinha muito depois da maturidade biológica, a capacidade de reproduzir. A educação se¬xual podia agravar as inquietações da abstinêncja, e a Igreja exigia abstinência pré¬nupcial como ajuda para a fidelidade conjugal, ordem social e saúde pública. Contu¬do. aos 16 anos um jovem da Idade Média já havia provavelmente tido várias expe¬riências de ordem sexual. A pederastia, que o cristianismo atacara fortemente no pas¬sado. tomou a surgir com as Cruzadas, com o áfluxo de idéias do Oriente e o isola¬mento unissexual de monges e freiras.6 Em 1177. Henrique, abade de Claraval, refe¬rindo-se à França, escreveu que "a antiga Sodoma estava surgindo de suas cinzas".7 Filipe. o Belo, acusou os Tempiários de praticarem atos homossexuais. O Penitencial. manual eclesiástico que impunha penitência pelos pecados cometidos. menciona a. ocorrência de atos verdadeiramente bestiais. Uma surpreendente variedade de ani¬mais recebia tais atenções.a Quando se descobriam tais ocorrências. ambos os partid- . pantes eran1 punidos com a morte. Os registros do Parlamento inglês contêm muitos casos em que cães, cabras. vacas. porcos e gansos eram queimados juntamente com se¬res humanos que neles satisfaziam seus instintos bestiais. Eram numerosos os casos de incesto.
As relações antes do casamento e fora dele já eram cultivadas em grande extensão. tanto quanto no século XX. A natureza promíscua do homem vencia os diques \evail¬tados pela legislação secular e eclesiástica. O rapto era ocorrê'neia comum,9 não obs¬tante. as severíssimas penas. Cavaleiros que serviam damas e jovens aristocráticas para
conseguir-lhes um beijo ou tocar-lhes nas mãos. podiam consolar-se com as criadas delas; algumas damas não podiam dormir com a consciência tranqüila enquanto não lhes tivessem proporcionado essa cortesia. 10 O cavalheiro de La Tour.Landry queixou¬se da fornicação entre os jovens da aristocracia. Declarou - se é que podemos dar crédito às suas palavras - que alguns homens daquela sociedade fornicavam•se na igreja, até mesmo "junto ao altar". Citou o fato de "duas rainhas que, em urna Quinta.Feira Santa ... entregaram-se a seus prazeres dentro da própria igreja enquan¬to se celebrava o ofício àivino" .11 Guilherme de Malmesbury descreveu a nob~eza normanda como "muito dada à gula e à volúpia" e que os homens costumavam tro¬car de concubinasl2 receosos de que a fidelidade viesse a tornar muito monótona a vi• da conjuga!. Era abundante o número de filhos ilegítimos na cristandade; isso serviu de enredo para centenas de livros. Os heróis de várias lendas da Idade Média eram bastardos - Cuchulain, Anur, Gawain, Rolando, Guilherme, o Conquistador. e muitos cavaleiros citados por Froissart em suas Crônicas.
A prostituição ajustava•se aos tempos. Segundo o bispo Bonifácio, algumas mulhe• res, por ocasião das romarias, ganhavam a sua passagem, vendendo•se nas cidades que atravessavam.13 Todo exército era seguido de outro exército, o qual era tão peri. goso quanto o inimigo. "Os cruzados", relata Alberto de Aix, "tinham' em suas fi• leiras urna multidão de mulheres que usavam roupas de homem; eias viajavam com eles em verdadeira promiscuidade.' '14 Disse Em•ad•Eddin, historiador árabe. que. durante o cerco de Acre (1189), "300 francesas muito bonitas ... haviam ali chegado para consolo dos soldados franceses ... pois estes últimos haviam dito que não luta¬riam se os privassem de mulheres". Ao saberem disso, os exércitos muçulmanos trata¬ram também de imitá•los.15 Segundo Joinville, os barões da primeira Cruzada de São Luís "instalaram bordéis nas imediações da tenda real" p.732

- O SURGIMENTO DA INQUISIÇÃO

No século XII muitas seitas haviam se espalhado pelo domínio católico, principalmente em resposta à vida rica e desregrada das lideranças da Igreja.
Cito Durant:
“Havia, em meados do século XII, considerável número de seitas heréticas nas cida¬des da Europa ocidental. "As cidades estão repletas desses falsos profetas",7 disse um bispo em 1190. Milão, sozinha, contava com 17 novas seitas.~ principais here¬ges ali eram os patarinos - cujo nome talvez se tivesse originado de Pataria, um quarteirão pobre da cidade. Parece que o movimento começara como protesto contra os ricos; transformou-se em anticlericalismo, condenou a simonia, a riqueza e o con¬cubinato do clero e propôs, na palavra de um chefe, "que se apropriassem da rlqueza do clero e a vendessem em leilão, e que se saqueassem as casas dos sacerdotes que opusessem resistência, enxotando da cidade esses bastardos". Outros grupos anticle¬ricais surgiram em Viterbo, Orvieto, Verona, Ferrara, Parma, Piacenza, Rimini ... As vezes chegavam a dominar as assembléias populares, apoderavam-se do governo da cidade e obrigavam o clero a pagar um tributo em prol dos empreendimentos cio vis.IO Inocêncio III deu instruções a seu emissário na Lombardia para que exigisse de todas as autoridades municipais o juramento de que não nomeariam hereges para as funções públicas. Era uma multidão, em Milão, "blasfemando e injuriando" , “eles profanaram varias Igrejas, com horrível torpeza."”p.688
. Podemos perceber no caso da seita Cátara, como andava a discussão teológica daquele período:
Citar Durant:
“Os Cátatos tinham sua teologia própria, dividiam seu credo em Bem, Deus, Espírito e Céu, e o universo material em Mal, Satanás e Matéria. Era Satanás, e não Deus, o criador do mundo visível. Toda a matéria era considerada um mal, inclusive a cruz em que Cristo morrera e a hóstia sagrada da eucaristia. Segundo eles, Cristo apenas falara em sentido figurado quando dissera do pão, .. Este é o meu corpo" .13 Toda car¬ne era matéria e qualquer contato com ela constituía um ato impuro. Toda união se¬xualera pecado. O coito havia sido o pecado de Adão e Eva.14 Os albigenses foram descritos pelos seus oponentes, como sendo a seita que não acreditava em sacramen¬tos, missas, veneração aos santos; Trindade e 'concepção da Virgem, e para a qual Cristo era um anjo e não o próprio Deus. Segundo se dizia, repudiavam a instituição da propriedade particular e queriam os bens para todos. 1I O Sermão da Montanha era a essência de sua moral. Aprendiam a amar os inimigos, a cuidar dos doentes e po¬bres, a jamais blasfemar e a manter sempre a paz. Para eles, a força jamais fazia parte da moral, até mesmo contra os infiéis. A pena capital era um crime. Deviam contar sempre com o triunfo de Deus sobre o mal, e não recorrer a medidascondenáveisY' Não havia inferno ou purgatório em sua teologia, todas as almas seriam salvas, mes¬mo que fosse após muitas transmigraçães purificadoras. Para se conseguir o céu, ter¬se-ia que morrer em estado de pureza; para isso, era necessário receber o conso/amen¬tum de um sacerdote cátaro, o último sacramento que purificava a alma. Os crentes cátaros (à semelhança dos primeiros cristãos no caso dO'batismo) adiavam o sacramen¬to para a ocasião em que julgavam que iam morrer de alguma doença. Os que dela sobreviviam corriam o risco de adquirir nova impureza e morrer sem o conso/amen¬tum, razão por que era uma grande infelicidade o restabelecer-se da doença após tê-Ia recebido. Consta que os sacerdotes albigenses procuravam persuadir um convalescen_ te a morrer de fome a fim de evitar tal infelicidade e, com isso, conseguir entrar no paraíso. Assegurava-se que, às vezes, os sacerdotes matavam o paciente, sufocando-o. com o consentimento dele. a fim de que tivesse a certeza de ir para O paraíso .
A Igreja 'teria talvez permitido que essa seita cometesse seu próprio suicídio. não ti¬vessem os cátaros se empenhado em atividades contra a Igreja, criticando-a. Negavam que ela fosse a Igreja de Cristo. que São Pedro tivesse ido a Roma e fundado o papa¬da. Para eles, os papas eram os sucessores dos imperadores e não dos apóstolos; Cristo não tinha um lugar onde repousar, enquanto o papa vivia em um verdadeiro palácio. ~ Diziam que Cristo não tivera propriedades nem dinheiro” p.689-690
Mas a Igreja responde com violência a esta realidade.

Citar Durant:
“Dois anos após sua ascensão, escreveu Inocêncio ao arcebispo de Auch, na Gasco•
nha:
'O pequeno barco de São Pedra está sendo sacudido por muitas tempestades no mar. porém o que mais me compunge ... é o fato de estarem surgindo agora, cada vez mais livres e injuriosos. ministros'que cometem erras diabólicos e tecem arma• dilhas às almas simples. Com suas superstições e mentiras estão pervertendo o sig¬nificado das Sagradas Escrituras. procurando destruir a união da Igreja Católica. Uma vez que ... esse erro pestilento se está desenvolvendo na Gasconha e. territórios vizinhos. desejaria que vós e vossos bispos resistissem 'a de com toda a energia ... Damo-vos ordens peremptórias para destruirdes todas essas heresias e repelirdes de vossa diocese todos os que estiverem contaminados por elas. empregando para isso todos os meios que puderdes ... Se necessário. podereis obrigar os príncipes e o povo a suprimi-Ias com a espada'” p. 691


A Igreja estrutura sua perseguição aos Hereges:

Citar Durant:
“Geralmente, antes do século XIII, a inquisição dos hereges ficava a cargo dos bis¬pos. Não eram propriamente inquisidores, esperavam que os boatos ou o clamor pú¬blico apontassem os hereges. Intimavam-nos a ir a sUa presença. Sentiam dificuldades em obrigá-Ias a confessar. Repugnava-lhes utilizar-se da tortura e recorriam ao julga¬mento do ordálio, ao que parece, na crença sincera de que Deus faria milagres para proteger os inocentes. São Bernardo aprovou esse expediente, e um concílio episco¬pal, que se realizou em Reirns (1157), decretou que dele se servisse como processo reguIar nos julgamentos dos hereges. Inocêncio, porém, o proibiu. Em 1185, o Papa Lúcio IIl, descontente com a negligência que os bispos demonstravam na perseguição aos hereges, ordenou-lhes que visitassem as paróquias ao menos I.!ma vez por ano, prendessem todos os suspeitos, considerassem culpados todos aqueles que não juras¬sem completa lealdade à Igreja (os cátaros recusaram-se a fazer qualqu~r juramento) e entregassem todos os recalcitrantes às armas seculares. Os emissários do Papa tinham poderes de depor os bispos que se descurassem do combate à heresia. InocênciolII exigiu,em 1215, que todas as autoridades civis jurassem em público, ?ob pena de in¬terdição por heresia, "expulsar de suas terras todos os hereges que haviam sido assina¬lados pela Igreja para o animadversio debúa - devida punição". O príncipe que se descurasse dessa obrigação seria destituído, e o Papa eximiria seus súditos de qualquer obediência a ele.ll A "devida punição" consistia então de, apenas, desterro e confisco dos bens. (...)
Depois de 1227, Gregório e seus sucessores nomearam um número cada vez maior de inquisitores especiais para perseguir os hereges. Ele escolhia para essa tarefa os membros das novas ordens de mendicantes, em parte pela sua devoção e vida simples que levavam, em parte porque não podiam depender dos bispos; contudo, nenhum inquisidor deveria condenar um herege a uma pena grave sem o consentimento epis¬copal. Tantos eram os dominicanos empregados nesse mister que o povo os apelidou de Domini cannes -"os cães de Deus" Y A maioria era de homens de moral eleva¬da; poucos, porém, os que possuíam espírito misericordioso. Tinham-se na conta não de juízes que pesavam de maneira imparcial as provas que Ihes apresentavam, mas de guerreiros que perseguiam os inimigos de Cristo. Alguns eram zelosos e consciencio¬sos, como Bernardo Gui, outros sádicos, como "Roberto, o Dominicano", herege pa¬tarino que se havia convertido e que, em um só dia, no ano de 1239, enviou 180 pri. sioneiros para a fogueira, inclusive um bispo que, num julgame1Jto que fizera, havia dado muita liberdade aos hereges. Gregório suspendeu Roberto de suas funções e condenou-o à prisão perpétua.” p. 695-696

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